Observador - 29 abr. 00:10
Stand up for Science
Stand up for Science
A ciência é para todos, mantém-nos seguros e permite-nos viver vidas mais longas e mais saudáveis. O apelo é dirigido aos líderes a todos os níveis.
“Estou muito, muito orgulhoso que este Estado seja o primeiro a proibir, e espero que muitos mais o façam”.
Esta afirmação foi recentemente proferida por Robert F. Kennedy Jr, secretário da Saúde da Administração Trump em visita ao Utah.
O conhecido adepto de teorias da conspiração felicitava a primeira suspensão nos EUA da fluoretação da água.
Kennedy e os seus apoiantes acreditam, sem qualquer base racional, que a água com flúor (nos limites recomendáveis) causa danos, como por exemplo a diminuição de quociente de inteligência.
Mas os factos provam de forma consistente que, para além de medidas essenciais como evitar dietas pouco saudáveis com açúcar e manter bons hábitos de saúde oral, a fluoretação da água é uma forma eficaz para prevenir, gerir e tratar lesões por cárie dentária, que é uma doença crónica com enorme prevalência e impacto global afectando a saúde de crianças, adultos e idosos.
Mas a actual cúpula dos EUA avança ainda mais no ataque à ciência.
Como se pode ler no artigo de investigação da The Atlantic intitulado “The NIH´s most reckless cuts yet”, a jornalista Katherine Wu descreve inúmeros cortes de financiamento a ensaios clínicos previamente validados.
Estas decisões abruptas põem em risco voluntários, doentes e cuidadores, minando a sua confiança na investigação científica.
O que fazer perante estas medidas autocráticas?
Muitos têm-se manifestado e organizado através de iniciativas como “Stand up for Science”. Este movimento defende que a ciência é para todos, mantém-nos seguros e permite-nos viver vidas mais longas e mais saudáveis. O apelo é dirigido aos líderes a todos os níveis, independentemente da filiação política, para que defendam e protejam a investigação científica, a educação e a comunicação – para o progresso, a prosperidade e o bem-estar de todos.
Aos médicos e profissionais de saúde norte-americanos na linha da frente – bem representados no pequeno ecrã através da série The Pitt – resta a única alternativa possível, tal qual sucedeu durante a pandemia mal gerida por Trump: seguir o Juramento de Hipócrates, que dita “exercerei a minha profissão com consciência e dignidade e de acordo com as boas práticas médicas”.