observador.ptObservador - 29 abr. 00:12

A mudança não acontece sozinha

A mudança não acontece sozinha

A escola não pode limitar-se a transmitir conteúdos, deve preparar os alunos para a imprevisibilidade global, em que a capacidade de adaptação, o pensamento crítico e a criatividade são determinantes.

Quando olhamos para uma sala de aula cheia de crianças, vemos nela um potencial infinito. Cada aluno, independentemente de onde nasceu ou das circunstâncias da sua família, deveria ter as mesmas oportunidades para sonhar, aprender e construir o seu futuro. Mas a realidade ainda está longe disso. Em Portugal, as desigualdades continuam a marcar o percurso educativo: a escola, que deveria ser um motor de mobilidade social, nem sempre consegue quebrar esses ciclos.

Foi por isso que, há três anos, decidimos agir. Criámos a Fundação Santander para ser um catalisador de mudança, para garantir que a educação cumpre o seu papel transformador e que ninguém fica para trás.

Desde então, não temos dúvidas: o nosso trabalho não é apenas investir em projetos – é unir forças, mobilizar recursos e inspirar uma nova forma de ensinar e aprender.

Com um investimento de 21,4 milhões de euros, em três anos impactámos diretamente mais de 300 mil pessoas e construímos uma rede de professores, escolas, universidades, instituições e comunidades que acreditam connosco que a educação precisa de ser repensada.

O mundo muda a um ritmo sem precedentes e a aprendizagem tem de acompanhar essa transformação. A escola não pode limitar-se a transmitir conteúdos, deve, antes, preparar os alunos para a imprevisibilidade global, em que a capacidade de adaptação, o pensamento crítico e a criatividade são determinantes. Os métodos de aprendizagem precisam de ser mais do que ensinar a memorizar factos: as crianças necessitam de adquirir uma série de competências para que tenham as ferramentas necessárias para ajudar a criar um mundo melhor.

É necessário investir não apenas nos conceitos cognitivos como a literacia e a numeracia, mas nas competências do futuro – a criatividade, a capacidade de resolver problemas, a colaboração e a comunicação.  Estas competências não nascem espontaneamente. Precisam de professores motivados, de metodologias inovadoras, de um envolvimento real das comunidades.

Por isso, o nosso compromisso vai muito além da sala de aula. Investimos em metodologias inovadoras, como o Aprender Através do Brincar, porque sabemos que é na infância que se lançam as bases da curiosidade e da autonomia. Criamos e escalamos programas que democratizam o acesso à aprendizagem ao longo da vida.

Apoiamos iniciativas que valorizam os professores, porque sabemos que são eles os verdadeiros agentes de mudança. A nossa missão não termina com a escola.

No ensino superior, promovemos a equidade no acesso e incentivamos a mobilidade, a investigação e o empreendedorismo. Mas o mundo não pára quando se termina um curso – o gosto por aprender ao longo da vida é essencial. Com as exigências do mercado de trabalho a evoluírem constantemente, a transformação digital, os desafios ambientais e as novas dinâmicas laborais, investir na requalificação e na capacitação de talento não é apenas um benefício individual, é um fator crítico para a competitividade das empresas e para a sustentabilidade da economia.

Se queremos empresas preparadas para inovar e liderar o futuro, precisamos de investir no desenvolvimento das pessoas.

Porque talento qualificado significa negócios mais resilientes, empregos mais sustentáveis e um país mais preparado para crescer. E acreditamos que a educação e a cultura caminham lado a lado. Por isso, em 2024, desenvolvemos o novo pilar estratégico – a Cultura. Aprender não acontece apenas em sala de aula — acontece quando exploramos, questionamos e nos desafiamos a ver o mundo de novas maneiras. A cultura amplia horizontes, estimula o pensamento crítico e fortalece as bases de uma sociedade inovadora e inclusiva.

Nada disto seria possível sem os nossos parceiros e os colaboradores. A mudança não acontece sozinha. Obrigado a todos os que caminham connosco, que desafiam o status quo, que acreditam que a educação é a resposta.

Estes três anos foram apenas o começo. Vamos continuar a reparar o elevador social, a abrir portas e a garantir que cada criança, jovem, professor e profissional tenha acesso às oportunidades que merece. Porque uma sociedade cresce quando ninguém fica para trás. E essa é a transformação que queremos ver acontecer.

Por isso mesmo, fica o convite para o lançamento do Relatório de Impacto 2024 da Fundação Santander Portugal, a ter lugar das 15h30 às 17h00 desta terça-feira, dia 29, na nossa sede. É um momento e uma oportunidade para refletirmos sobre o caminho percorrido e olharmos para o futuro com inspiração e compromisso. O evento inclui uma palestra muito especial de Jenny Gibson, Co-diretora do Centre for Research on Play in Education, Development and Learning (PEDAL) da Universidade de Cambridge, sobre a importância da criatividade e do brincar na construção do futuro.

Contamos com todos.

NewsItem [
pubDate=2025-04-29 01:12:05.0
, url=https://observador.pt/opiniao/a-mudanca-nao-acontece-sozinha/
, host=observador.pt
, wordCount=741
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2025_04_28_704829808_a-mudanca-nao-acontece-sozinha
, topics=[educação, opinião, economia, banca]
, sections=[opiniao, economia, sociedade]
, score=0.000001]