Sofia Côrte-Real - 28 abr. 10:33
Inteligência Artificial nas empresas: conformidade ou consequência?
Inteligência Artificial nas empresas: conformidade ou consequência?
O entusiasmo pela inovação não pode substituir o dever de prudência. A IA pode ser uma aliada estratégica — mas apenas se for bem integrada, monitorizada e compreendida.
A Inteligência Artificial (IA) entrou nas empresas com promessas de eficiência e inovação. Contudo, essa adoção acelerada nem sempre é acompanhada da devida reflexão. A principal ameaça da IA é a falsa sensação de controlo que pode transmitir. É precisamente nesse ponto que muitas organizações se expõem ao risco.
Na prática, é frequente ver empresas a integrar soluções de IA sem compreenderem como funcionam, que dados utilizam, com que grau de autonomia operam ou que consequências podem gerar. Adquirem ferramentas externas “chave-na-mão”, assinam contratos de licenciamento pouco claros, confiam na reputação do fornecedor e esperam que tudo decorra sem incidentes. No entanto, quando surgem problemas — como uma decisão injusta num processo de recrutamento, um erro na avaliação de risco de crédito ou uma falha num sistema de controlo de acessos —, nem sempre há respostas preparadas. Quem é responsável? Caso contrário, corre o risco de se transformar numa fonte de litígios, prejuízos reputacionais e financeiros.
As empresas que, desde já, investirem numa estratégia de IA responsável, preventiva e juridicamente sustentada estarão melhor posicionadas não apenas para cumprir a lei, mas também para conquistar a confiança de clientes, parceiros e investidores. A regulação está a apertar — e com razão. O que está em causa não é apenas o futuro do direito, mas o presente da responsabilidade. E neste campo, ignorar é, mais do que nunca, arriscar.