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Divisão na UE trava definição de meta climática para 2040

Divisão na UE trava definição de meta climática para 2040

Ambiental

Enquanto a Comissão Europeia prepara uma nova meta para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2040, os países da União Europeia mostram-se divididos, antecipando um processo de negociação difícil e potencialmente prolongado. A proposta em discussão prevê um corte de 90% nas emissões líquidas em relação aos níveis de 1990, como etapa intermediária entre a meta já existente de -55% até 2030 e o objetivo de neutralidade carbônica até 2050.

A proposta de Bruxelas devia ter sido apresentada em março, mas foi adiada devido à resistência de alguns Estados-membros e legisladores europeus, preocupados com o impacto económico de metas tão ambiciosas num momento de recuperação industrial lenta e de concorrência externa agressiva.

"Acreditamos que é uma boa meta", afirmou Mika Nykänen, secretária de Estado do clima da Finlândia, à Reuters, durante uma reunião de ministros do clima da UE, realizada em Varsóvia. Para Nykänen, a estabilidade nas metas climáticas é essencial para garantir segurança aos investidores. "Precisamos de um ambiente de investimento atrativo e sólido na Europa, e se mudarmos as grandes metas ou as políticas, isso criará incerteza entre investidores e empresas", afirma.

Finlândia, Dinamarca, Holanda e Eslovénia estão entre os defensores do corte de 90%. Em contrapartida, Itália, República Checa e Polónia manifestam oposição à proposta, temendo consequências para os seus sectores industriais. "Não apoiamos a medida agora, a razão é o impacto na indústria pesada", justificou o ministro do Meio Ambiente checo, Petr Hladík, à Reuters.

A Polónia, fortemente dependente do carvão, continua preocupada com os custos da transição energética e historicamente tem estado entre os países que pedem metas mais brandas, argumentando que a distribuição dos esforços precisa de ter em conta o grau de riqueza e as infraestruturas dos Estados-membros.

A Estónia, por sua vez, indicou que poderá alcançar uma redução de 80% até 2040, mas condiciona o cumprimento dessa meta à evolução das tecnologias de captura de carbono. "Isso vai acontecer? Como um crente profundo na inovação e no avanço da tecnologia, acho que vai — mas antes que alguém possa realmente comprometer-se, é preciso ter essa flexibilidade", disse o ministro do Meio Ambiente, Andres Sutt, à Reuters.

Com o aumento das temperaturas na Europa — o continente que mais rapidamente se aquece no mundo — e uma sucessão de eventos climáticos extremos como secas e inundações, a pressão sobre os governos aumenta. No entanto, muitas capitais continuam a dar prioridade à competitividade industrial e menos a compromissos ambientais mais rígidos.

Perante este cenário, a Comissão Europeia avalia introduzir medidas flexíveis na proposta de 90%. Entre elas, está a possibilidade de uso de créditos internacionais de carbono, que poderão permitir que uma pequena parcela da meta seja cumprida com cortes de emissões realizados fora do território europeu. A Alemanha propôs que esse mecanismo seja limitado a três pontos percentuais da meta de 90%, enquanto a França admite a ideia, desde que os créditos "representem reduções reais de emissões em outros países", segundo fonte do governo citada pela Reuters.

As discussões devem prosseguir ao longo dos próximos meses, e qualquer meta só será adotada após aprovação do Parlamento Europeu e dos Estados-membros. Com interesses económicos e ambientais em conflito, o caminho até 2040 permanece, para já, incerto.

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