publico.pt - 29 abr. 16:11
Ataque de drones russo matou uma criança de 12 anos em Dnipro
Ataque de drones russo matou uma criança de 12 anos em Dnipro
Zelensky vê “bons resultados” na eliminação de oficiais das Forças Armadas russas, depois da morte de um tenente-general. “Zona cinzenta” preocupa Kiev, por medo da possível ocupação de Sumi.
Uma menina de 12 anos morreu na sequência de um ataque de drones russo à Ucrânia durante a noite de segunda-feira, 28 de Abril. Depois de um edifício residencial ter sido atingido no distrito de Samarivskyi, no centro de Dnipro, os moradores retiraram a criança dos escombros, mas a jovem acabou por morrer a caminho do hospital, informou o serviço de emergência ucraniano. Também a irmã, de 6 anos, e os pais ficaram feridos no ataque.
“O exército russo voltou a enviar drones em grande número para a região”, afirmou Serhiy Lysak, governador de Dnipro, através do Telegram. No total, segundo a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia atacou com 100 drones durante a noite, em diferentes regiões do país. Trinta e sete drones foram abatidos antes de atingirem os seus alvos.
De acordo com a Reuters, os serviços de emergência também foram chamados ao distrito de Desnianskyi, no nordeste de Kiev, onde os destroços de um drone incendiaram um edifício, informou o presidente da câmara Vitali Klitschko.
O chefe da Administração Militar da Cidade de Kiev, Timur Tkachenko, disse que os sistemas de defesa aérea foram mobilizados pouco antes da 1h da manhã (23h em Lisboa). Moscovo não fez qualquer comentário sobre os ataques.
Recorde-se que, na semana passada, a Rússia bombardeou a capital ucraniana, matando 13 pessoas e provocando uma rara reacção do Presidente dos EUA, Donald Trump, que se manifestou através da sua rede Truth Social: “Não estou contente com os bombardeamentos russos sobre KIEV. Não são necessários e o timing é muito mau. Vladimir, PÁRA!”
“Bons resultados”Na última sexta-feira, 25 de Abril, a explosão de um carro-bomba matou o tenente-general russo Yaroslav Moskalik, chefe adjunto da principal divisão operacional do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia. O Kremlin culpou a Ucrânia pelo atentado.
Um tribunal de Moscovo ordenou, na sequência do ataque, que um cidadão ucraniano, acusado de terrorismo fosse mantido em prisão preventiva. “O suspeito é um agente dos serviços especiais ucranianos, Ignat Kuzin, nascido em 1983, que tem autorização de residência na Ucrânia”, declarou a porta-voz do Comité de Investigação russo, Svetlana Petrenko, citada pela EuroNews.
Apesar de não ter feito nenhuma referência directa ao ataque, Volodymyr Zelensky elogiou, nesta segunda-feira, 28, os serviços secretos ucranianos pela morte de importantes figuras militares russas desde o início da guerra.
“O chefe dos Serviços Secretos da Ucrânia informou sobre a eliminação de pessoas do alto comando das Forças Armadas russas. A justiça será feita”, disse Zelensky, através do Telegram. Falou em “bons resultados” e “novas medidas para combater as redes de agentes russos na Ucrânia”.
Um obituário de Moskalik, publicado no jornal oficial do Ministério da Defesa russo e assinado pelo ministro da Defesa, Andrei Belousov, descreve-o como um “filho leal” da Rússia. “Responsável pela preparação de materiais para o Presidente russo sobre a situação no sudeste da Ucrânia”, Moskalik esteve, de 2015 a 2021, envolvido nas delegações internacionais do Ministério da Defesa russo que trabalhavam em questões relacionadas com aquela região ucraniana.
"Zona cinzenta" em SumiA Rússia “continua a tentar criar uma zona tampão” na cidade de Sumi, no nordeste da Ucrânia. O governador daquela região ucraniana, Oleh Hryhorov, afirmou, no Telegram, que quatro aldeias fronteiriças (Zhuravka, Veselivka, Basivka e Novenke) se encontram numa “zona cinzenta” devido aos ataques militares, mas não estão sob controlo da Rússia.
Sumi faz fronteira com a região de Kursk, onde as forças russas recapturaram recentemente os territórios tomados no ano passado pela Ucrânia, na primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial. Kiev afirma há meses que está preocupada com a possibilidade de as tropas de Moscovo avançarem a partir de Kursk para Sumi.
A Rússia afirmou recentemente que as suas tropas capturaram algum território na região, incluindo as aldeias de Zhuravka e Basivka, o que Kiev negou. O governador de Sumi disse, nesta terça-feira, 29, que a Rússia “não obteve qualquer sucesso significativo”, e que, nas quatro aldeias, “não há qualquer possibilidade de ocupação [russa] neste momento”.
O DeepState, um mapa compilado a partir de observações do campo de batalha, afirma que cerca de 52 quilómetros quadrados da região de Sumi estão numa zona cinzenta disputada pelos dois países, avançou a Reuters.
Texto editado por Ivo Neto