rr.pt - 29 abr. 16:18
Apagão. Situação normalizada nos hospitais após milhares de adiamentos
Apagão. Situação normalizada nos hospitais após milhares de adiamentos
Hospitais por todo o país regressam à normalidade e levantam os planos de contingência emitidos esta segunda-feira como consequência do apagão que afetou, principalmente, a Península Ibérica. Hospital São João, no Porto, mantêm um plano de contingência "em menor escala".
O corte generalizado de energia na segunda-feira obrigou a adiar milhares de consultas, cirurgias e tratamentos que terão de ser reprogramados em vários hospitais. Esta terça-feira a atividade já regressou ao normal, segundo os administradores hospitalares.
O Hospital Santa Maria já desativou o plano de contingência e retomou todos os serviços assim que foi reposta a energia. O mesmo sucede com a Unidade Local de Saúde (ULS) São José, que anunciou esta terça-feira que todas as suas unidades estão a funcionar normalmente, após ter sido reposto o fornecimento de eletricidade na segunda-feira à noite.
A ULS Almada-Seixal (ULSAS) também já restabeleceu a energia e foi possível manter esta terça-feira a atividade normal de consulta externa, bem como a realização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica no Hospital Garcia de Orta. A atividade cirúrgica programada não urgente poderá ainda sofrer condicionalismos por fatores que estão relacionados com fornecedores externos. Adianta ainda que todas as consultas não realizadas nos cuidados de saúde primários serão reagendadas para breve.Também as unidades locais de saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e do Litoral Alentejano (ULSLA) retomaram a sua atividade integral, após cancelarem serviços não urgentes, na segunda-feira.
Contactada pela agência Lusa, fonte desta ULS, que integra o Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, disse que a energia elétrica regressou "na segunda-feira à noite, tendo sido hoje restabelecida toda a atividade programada [no hospital], como consultas, exames e cirurgias".
Quanto à Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC), que na segunda-feira indicou à Lusa que o hospital de Évora tinha ativado "o plano de contingência para continuar a garantir a atividade", disse esta terça-feira que o abastecimento de eletricidade foi retomado com normalidade e "a atividade hospitalar está a funcionar como habitualmente".
Também a Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho indicou que a situação está "totalmente regularizada". Cenário idêntico no hospital de Santo António, também no Porto, onde fonte desta instituição indicou à Lusa que "tudo está a funcionar normalmente".
Já no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto), algumas das 28 cirurgias adiadas na segunda-feira estão esta terça-feira a serem realizadas. "E as restantes vão ser efetuadas nos próximos dias", garantiu à Lusa o presidente da instituição, Júlio Oliveira, acrescentando que "centenas de consultas adiadas também que estão já a ser reagendadas", contando ter "até ao final da manhã" um plano de reagendamento dos exames complementares de diagnóstico.Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, disse que não foi preciso desmarcar a atividade programada para esta terça-feira e que as unidades terão agora de recuperar o que foi perdido na segunda-feira.
"A partir do momento em que aconteceu a falha, todos os hospitais começaram a tentar perceber qual era a sua autonomia, qual a quantidade de combustível que tinham em "stock", e as situações não eram iguais. Tínhamos hospitais com "stocks" mais pequenos e, portanto, com menos capacidade de aguentar os geradores até mais tarde", explicou o responsável, acrescentando que a coordenação com as diversas autoridades para reabastecer "correu bem".
Disse ainda que o reabastecimento "foi sendo discutido com a Proteção Civil e com o Governo", que "assumiu desde logo a prioridade de abastecer os hospitais e abastecer de forma prioritária os que não tinham "stocks" de combustível ou tinham stocks mais "baixos"".
"Foi um processo muito tenso. Quando se percebe que os geradores têm um prazo expectável a partir do qual irão parar, não tendo a certeza de que vai ser reabastecido, é sempre um momento muito tenso", contou.
Xavier Barreto disse que houve uma "estreita articulação" entre a Proteção Civil, o Governo, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, municípios e bombeiros e que "não houve nenhuma falha grave com consequências para os doentes". Explicou igualmente que os hospitais, quando perceberam o que estava a acontecer, "desligaram todas as áreas que não eram críticas", como as consultas, o ambulatório, hospitais de dia e áreas de apoio, como lavandarias e cozinhas. "A energia disponível nos geradores e nas baterias tem de ser guardada para os doentes críticos", acrescentou o responsável, reconhecendo: "Claro que isto depois tem consequências a nível da forma como o hospital funciona, que estamos agora a resolver". Olhando para o dia de segunda-feira, Xavier Barreto diz que "dentro dos constrangimentos que os hospitais tiveram, num dia "muito, muito difícil", a resposta "foi satisfatória" pois a situação "não teve impacto nos doentes"."Há coisas que estamos a recuperar e estamos a fazê-lo ao longo da manhã, mas nada de grave. A atividade está toda a ser feita", acrescentou.
O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu esta terça-feira que o serviço está totalmente reposto e normalizado, depois do apagão de segunda-feira que afetou sobretudo a Península Ibérica.