observador.pt - 29 abr. 18:13
RTP sofreu "apagão" na emissão durante uma hora. Estação está a tirar “ilações sobre o caso”
RTP sofreu "apagão" na emissão durante uma hora. Estação está a tirar “ilações sobre o caso”
Falha de um gerador obrigou à interrupção da RTP em Lisboa na segunda-feira. A estação não conseguiu passar a emissão para o Porto ou ilhas por falhas de comunicação. Situação está sob análise.
Se foi uma das poucas pessoas que, durante a tarde de segunda-feira ainda tinha acesso a eletricidade e deixou de repente de conseguir a acompanhar a emissão noticiosa da RTP, não foi o seu operador a ter falhas de transmissão: a estação pública esteve mesmo sem emitir durante quase uma hora.
Fonte oficial da RTP confirmou ao Observador que, a seguir à hora de almoço, pelas 14h30, toda a transmissão televisiva da estação foi interrompida devido à “sobrecarga de um gerador” que estava a assegurar o funcionamento dos “sistemas técnicos internos que permitem manter uma emissão no ar”, mandando abaixo desde servidores até às regies de continuidade.
Tal como ocorreu com outras estações, a emissora pública aguentou inicialmente o apagão geral desta segunda-feira, 28 de abril, por ter um sistema de backup autónomo, estando agora a decorrer averiguações para perceber-se qual o motivo para este gerador ter falhado. Ao Observador foi comunicado que uma das conclusões preliminares é que se deu uma sobrecarga por “mais e mais sistemas técnicos” estarem a depender de uma única fonte de energia à medida que os efeitos do apagão se iam fazendo sentir na infraestrutura elétrica da RTP.
Sem conseguir apurar ao certo quanto tempo a emissão da RTP esteve interrompida, a mesma fonte comunica que o hiato terá durado entre “meia-hora a uma hora”. A interrupção ocorreu porque foi necessário proceder a uma reativação gradual dos meios técnicos e tecnológicos que são necessários à garantia das emissões, “testando os diferentes sistemas para verificar se algum não estava danificado” — se fosse esse o caso, haveria o risco de ocorrer um curto-circuito e, assim, um novo apagão na emissora.
Assim, continua a mesma fonte da estação, por volta das 15h30, a atividade da RTP1 e da RTP3 — o canal de informação — foi retomada com uma emissão em simultâneo, uma “decisão editorial” por entender-se que, dado os efeitos do apagão no país, deveria ser privilegiado o serviço informativo. Esta opção manteve-se até às 13h00 desta terça-feira, o que incluiu o Jornal da Tarde.
Por outro lado, os restantes canais da estação emitidos a partir de Lisboa — RTP2, RTP Memória e RTP África —, tiveram o seu funcionamento retomado pelas 21h00, voltando com a programação habitual. Tal decisão foi tomada numa reunião feita pelas 20h00, quando foi constatado que os sistemas já se encontravam todos operacionais e tinham recuperado sem falhas.
Dado o papel de serviço público da RTP em situações de emergência nacional, a fonte da RTP confirmou ao Observador que estão a ser feitas averiguações para que uma interrupção desta natureza não se repita, tendo já ocorrido reuniões esta terça-feira para tirar “ilações sobre o ocorrido”.
Uma das conclusões, para já, é que a estação pública precisa de criar sistemas de comunicação alternativos face à interrupção quase total do funcionamento das operadoras telefónicas em Portugal esta segunda-feira, o que dificultou a coordenação entre os estúdios de Lisboa e outros locais onde a RTP podia ter reiniciado a sua emissão mais cedo.
Conforme foi explicado ao Observador, a RTP tem sistemas de backup na televisão entre Lisboa e o Centro de Produção do Norte, no Porto, cujo gerador manteve-se operacional, além dos estúdios da RTP Madeira e da RTP Açores, que não foram sequer afetados pelo apagão. Ou seja, em teoria, teria sido possível retomar a emissão a partir de qualquer um destes três locais, mas o facto de não ser possível fazer uma articulação com os mesmos, por impossibilidade de comunicação, tornou-os inviáveis como solução.
Além do serviço televisivo, a estação pública também foi mantendo o seu serviço de rádio, mas, ao contrário da RTP, a RDP nunca teve o funcionamento das suas antenas interrompido, já que possui um gerador autónomo que não sofreu o mesmo tipo de sobrecarga. No entanto, tal como ocorreu entre a RTP1 e a RTP3, foi tomada a decisão de fazer uma emissão exclusivamente noticiosa em simultâneo entre a Antena 1, a Antena 2, a Antena 3, a RDP África e a RDP Internacional, desde as 16h00 da tarde de segunda-feira até às 7h00 de terça-feira.