observador.ptobservador.pt - 29 abr. 18:03

Apagão. Transplante renal cruzado entre Portugal e Espanha teve de ser adiado

Apagão. Transplante renal cruzado entre Portugal e Espanha teve de ser adiado

Nuno Gaibino afirmou que o transplante já estava programado e que os recetores já teriam de estar a fazer a terapêutica de imunossupressão. Perante a situação, foi decidido adiar para 1 de maio.

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Uma operação de transplante renal cruzado entre Portugal e Espanha, prevista para esta terça-feira, teve de ser adiada para quinta-feira devido ao corte de energia na segunda-feira, disse esta terça-feira à Lusa o coordenador nacional de Transplantação.

Nuno Gaibino adiantou que, apesar dos constrangimentos causados pelo corte de energia que afetou a Península Ibérica, este foi o único transplante que teve de ser adiado.

“Envolveu uma situação muito complexa, essencialmente, porque estamos a falar de uma atividade programada na área da transplantação que não dependia apenas de nós, país. Dependia, essencialmente de um programa de doação cruzada, nomeadamente, da transplantação renal que tínhamos programado para o dia de hoje”, disse o médico.

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O coordenador nacional de Transplantação do Instituto Português do Sangue e Transplantação contou que este transplante já estava programado há semanas e que “os recetores têm alguma complexidade” e já teriam de estar a fazer a terapêutica de imunossupressão para realizar o transplante.

Mas perante a situação, e depois de conversações entre a Coordenação Nacional de Transplantação, os conselhos de administração dos hospitais correspondentes, e com a Organização Nacional de Transplantação Espanhola, foi decidido adiar o transplante para 1 de maio, “com toda a articulação devida entre dois hospitais de dois países diferentes” e a cooperação da Força Aérea Portuguesa e da sua congénere espanhola.

“Também, deste ponto de vista, tivemos uma resposta absolutamente histórica, porque conseguimos adiar e já temos uma nova data, não comprometendo em nada aquilo que nos parece ser a atividade da transplantação, nomeadamente nesta situação muito específica”, realçou Nuno Gaibino.

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“Portanto, a avaliação final no meio desta crise energética foi bastante positiva para a nossa área e conseguimos manter a quase normalidade da nossa atuação”, salientou.

Para o especialista, “houve uma resposta absolutamente hercúlea” da Rede Nacional de Doação e Transplantação, com a Coordenação Nacional de Transplantação a tentar, desde a primeira hora do apagão, uma articulação perante os planos de contingência que já estavam pré-definidos.

“A atividade da doação e da transplantação é sempre urgente e aquilo que tivemos de fazer numa fase inicial foi uma avaliação do que é que estava a acontecer no terreno após as 11h33, que era a hora crítica, e sabemos que havia hospitais com atividade de doação” que tinham feito colheitas durante a noite e tinham transplantes programados para esta tarde.

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Havia ainda outros hospitais que iam iniciar processos de colheita, disse Nuno Gaibino, referindo que foi decidido com os gabinetes de coordenação de transplantação, em articulação com os devidos conselhos de administração, que apenas iriam continuar com as situações urgentes, uma vez que os blocos operatórios e as unidades de cuidados intensivos estavam a funcionar com geradores de reserva, com autonomia limitada.

Isto significou que tivemos de protelar algumas atividades durante algumas horas“, afirmou, contando que, num dos centros hospitalares, foi necessário adiar o transplante de dois rins durante algumas horas.

Foi possível realizar o transplante ao final de tarde nesse centro hospitalar, que assegurou toda a atividade urgente, e noutro hospital, em Lisboa, foi feita a colheita de órgãos em processo de paragem cardiocirculatória.

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Perante esta situação, o coordenador nacional afirmou que a rede montada funcionou: “Não perdemos um único órgão, um único dador e todos os doentes que estavam, presumivelmente, para ser transplantados de forma urgente, aconteceu”.

“A resposta foi muito eficaz e, de facto, o grande sucesso foi por parte de todos os profissionais de excelência que trabalham nesta área e demonstrando a capacidade do Serviço Nacional de Saúde dar resposta”, enalteceu Nuno Gaibino.

O Programa de Doação Renal Cruzada Internacional (PIDRC) entre Portugal e Espanha, que também inclui a Itália, é um acordo que permite que doadores e recetores de rins de diferentes países, que são incompatíveis entre si, possam realizar um transplante renal cruzado.

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