eco.sapo.ptJosé Bourbon-Ribeiro - 29 abr. 15:26

A mochila de Francisco

A mochila de Francisco

Desde o início, Francisco optou por uma linguagem simples e acessível. Comunicar não era apenas transmitir ideias: era tocar os corações, oferecendo uma palavra de esperança a quem mais dela precisa.

O maior trunfo do Papa Francisco como comunicador foi a absoluta coerência entre o que defendia e a forma como vivia. A sua opção por uma vida simples, recusando privilégios e protocolos excessivos, não era apenas um gesto simbólico — era a expressão genuína da sua visão de uma Igreja próxima dos mais pobres e vulneráveis. Francisco comunicava sobretudo pelo exemplo, fazendo da sua própria vida a primeira e mais poderosa mensagem.

A sua história pessoal moldou profundamente o seu estilo de comunicação. Crescendo e servindo pastoralmente em contextos de grande desigualdade, Francisco aprendeu a olhar o mundo a partir das suas margens. Essa experiência conferiu autenticidade e urgência ao seu discurso, que sempre privilegiou a inclusão, a dignidade humana e a proximidade a quem sofre.

Desde o início do seu pontificado, optou por uma linguagem simples, direta e acessível, sem perder profundidade. Para Francisco, comunicar não era apenas transmitir ideias: era tocar os corações, oferecendo uma palavra de esperança a quem mais dela precisa. A sua proposta de homilias breves, construídas em torno de uma ideia, uma imagem e um sentimento, revela esta prioridade de ser compreendido e sentido por todos.

A espontaneidade foi outro traço distintivo do seu modo de comunicar. Francisco não se limitava a discursos preparados: falava com liberdade, escutava com atenção e procurava sempre dar resposta concreta às situações que encontrava. Esta abordagem gerou momentos de grande impacto, mas também riscos de interpretações erradas — riscos que ele aceitou em nome da autenticidade.

A força da comunicação de Francisco reside, em última análise, no seu compromisso com a verdade vivida. Mais do que técnicas ou estratégias, foi a sua fidelidade ao Evangelho — visível nos gestos e nas palavras — que conquistou a atenção do mundo. Num tempo de desconfiança e saturação mediática, Francisco mostrou que a comunicação mais eficaz continua a ser a que nasce da coerência entre o que se diz e o que se é.

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