observador.ptobservador.pt - 29 abr. 23:49

BRICS mostra união contra "mundo fraturado" e "ressurgência do protecionismo"

BRICS mostra união contra "mundo fraturado" e "ressurgência do protecionismo"

Durante os dois dias de reunião dos 11 ministros dos Negócios Estrangeiros do grupo, os responsáveis diplomáticos reforçaram "a firme recusa de todos à ressurgência do protecionismo comercial".

Os países-membros do BRICS mostraram esta terça-feira uma união inequívoca contra o “mundo fraturado” e a “ressurgência do protecionismo” provocada pelas tarifas impostas unilateralmente pelos Estados Unidos, disse a presidência brasileira.

Numa curta conferência de imprensa e única declaração pública, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Mauro Vieira, frisou que os membros deste grupo de economias emergentes concordaram que “não interessa viver num mundo fraturado” e ser necessário “fortalecer o multilateralismo“.

Durante os dois dias de reunião dos 11 ministros dos Negócios Estrangeiros do grupo, entre os quais o russo, Serguei Lavrov, e o chinês, Wang Yi, os responsáveis diplomáticos reforçaram “a firma recusa de todos à ressurgência do protecionismo comercial“.

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Ainda sobre a reunião, e sem se referir uma única vez ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ministro brasileiro frisou que o grupo tem a “disposição de promover uma agenda propositiva”, a favor do Acordo de Paris e que o “BRICS pode liderar” temas como alterações climáticas e inteligência artificial.

Desta vez não houve uma declaração final, apenas uma declaração da presidência brasileira, com o ministro a justificar que uma declaração conjunta final vai sair durante a reunião de chefes de Estado, agendada para 6 e 7 de julho, também no Rio de Janeiro.

Sobre a guerra e a invasão da Ucrânia pela Rússia, país-membro do grupo, o comunicado da presidência brasileira referiu apenas que os “ministros recordaram as posições nacionais relativas ao conflito na Ucrânia, conforme expressas nos foros apropriados, inclusive o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral das Nações Unidas”.

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“Notaram com apreço propostas relevantes de mediação e de bons ofícios, inclusive a Iniciativa Africana de Paz e a criação do Grupo de Amigos para a Paz, voltadas para a solução pacífica do conflito por meio do diálogo e da diplomacia. Expressaram a expectativa de que os esforços atuais conduzam a um acordo de paz sustentável”, lê-se.

Já em relação a Gaza, a presidência brasileira indicou que os “ministros manifestaram grande preocupação com a situação no Território Palestino Ocupado, com a retomada dos ataques israelitas contra Gaza e com a obstrução da entrada de ajuda humanitária no território”.

Terminou assim a reunião dos chefes da diplomacia dos países do BRICS que discutiram o papel do Sul Global na promoção do multilateralismo diante das políticas unilaterais dos Estados Unidos e de Trump.

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Este foi o tema central das discussões no segundo dia desta reunião, além das manifestações de necessidade das reformas das instituições internacionais, alargando-as a mais países do chamado Sul Global.

A reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS começou horas depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma trégua de três dias na guerra, com início a 8 de maio, coincidindo com o 80.º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial.

Ausente da reunião do Rio de Janeiro esteve a Arábia Saudita, país que, embora ainda não tenha formalizado a adesão ao grupo, já é considerado membro de pleno direito do fórum de países emergentes.

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Dos outros nove membros, seis ministros dos Negócios Estrangeiros estiveram presentes: Brasil, China, Rússia, África do Sul, Etiópia e Indonésia, enquanto África do Sul, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos enviaram delegações de nível inferior.

A reunião contou também com a presença de representantes de nove países parceiros do BRICS: Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

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