rr.pt - 29 abr. 19:50
“Por favor, ponham o vosso nome ao peito”, pedem os cardeais
“Por favor, ponham o vosso nome ao peito”, pedem os cardeais
Como a grande maioria dos participantes neste Conclave não sabe quem é quem, decidiram passar a usar uma pequena placa ao peito com o nome e proveniência de cada um, para facilitar o contacto e eventual aprofundamento das respetivas intervenções que fazem em plenário.
Os cardeais escolheram o dia 7 de maio para o início do Conclave porque precisam de mais tempo para se conhecer. É que este vai ser o Conclave mais superlotado e internacional de sempre, porque o limite de 120 cardeais eleitores foi ultrapassado por Francisco.
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Dos 133 eleitores, 80% deles foram nomeados pelo Papa defunto, o que faz com que, pela primeira vez, a participação dos italianos fique reduzida a 19 eleitores.
Ao mesmo tempo, desdobram-se as movimentações fora e dentro do Vaticano, com as habituais tentativas dos media (sobretudo italianos) de tentarem adivinhar quem será o próximo sucessor de Pedro. Só que, apesar da criatividade dos jornalistas, a esmagadora maioria dos cardeais não fala, ou então optam por dizer generalidades. Foi o que aconteceu, por exemplo, com uma colega que, após a pergunta “já sabe em quem vai votar?”, o cardeal interrogado respondeu “já viu como o Céu está tão azul?”
Os babás do CardealAs peripécias que rodeiam a vida dos cardeais, aqui em Roma, também são muitas. Disso daremos conta ao longo destes dias até ao Conclave. Um dos episódios aconteceu, no passado domingo, na principal Sala de Imprensa da Santa Sé, reservada aos jornalistas vaticanistas (os outros, com acreditação temporária, trabalham numa outra sala de imprensa a poucos metros de distância).
Ao início da tarde e após a hora do almoço, encontrei em cima da grande mesa da nossa redação (à volta da qual nos sentamos a trabalhar) uma generosa caixa cheia de suculentos babás (ensopados em calda de açúcar e rum, como manda a regra). O doce manjar foi oferecido por um generoso cardeal que por ali passou expressamente para nos desejar bom trabalho.

Deliciámo-nos, obviamente, com aquela “sobremesa”, como abelhas à volta do mel, mas optámos por não revelar o nome e a diocese a que pertence o purpurado italiano.
Homilia desta terça-feira cita palavras de Francisco em LisboaAlém das Congregações Gerais - que se realizam de manhã, para permitir intervenções livres sobre questões de atualidade e sobre qual deve ser o perfil do próximo Papa - prosseguem, à tarde, na Basílica de São Pedro, as missas exequiais por alma do Papa Francisco.
Em cada dia, um cardeal diferente preside à celebração e, na respetiva homilia, aproveita para deixar alguns pontos de reflexão.
Nesta terça-feira, a quarta missa (a primeira celebrou-se na manhã do funeral) foi presidida pelo cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica de São Pedro. Certamente a pensar na responsabilidade que se avizinha quando, a partir de 7 de maio, começarem as votações para eleger o próximo Papa, o cardeal convidou os seus colegas a pensarem no juízo final: “A parábola do Juízo Universal revela o segredo que rege o mundo: o Verbo fez-se carne, isto é, Deus quis ser solidário com a humanidade a tal ponto que quem toca o homem toca em Deus, quem honra o homem honra Deus, quem despreza o homem despreza Deus”. E, para que não restem dúvidas, citou o que Francisco disse em Lisboa.
"A humanidade cristã torna a igreja uma casa para todos. Como são atuais as palavras de Francisco, pronunciadas no encontro com os Jesuítas em Lisboa, em 2023: todos, todos, todos são chamados a viver na Igreja, nunca nos esqueçamos disso!"
Até ao início da eleição do sucessor de Francisco, a vaticanista Aura Miguel, enviada especial a Roma, assina a rubrica Diários de um Pré-Conclave, que pode ouvir todos os dia na emissão da Renascença