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SIRESP: Governo reconhece falhas. INEM admite problemas pontuais no accionamento de meios

SIRESP: Governo reconhece falhas. INEM admite problemas pontuais no accionamento de meios

Sindicato diz que o SIRESP falhou por completo na comunicação do INEM. Ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, admite que houve falhas. INEM activou plano de contingência.
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O Governo admitiu que houve falhas no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), a rede de comunicações de emergência do Estado, nesta segunda-feira, dia em que a rede eléctrica colapsou durante longas horas em grande parte do território nacional. Em declarações à Sic Notícias na manhã desta terça-feira, o ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou: “O SIRESP não funcionou a 100%. Teve falhas, temos de tirar lições, mas em 11 horas pusemos o país a funcionar.”

Já o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em comunicado enviado às redacções no final da manhã desta terça-feira, admite que entre as 13h e as 15h houve “um período de maior pressão no sistema devido a falhas registadas nas redes móveis de comunicações em todo o país. O pico de chamadas em espera e desligadas na origem registou-se cerca das 14h, com um total de 100 chamadas, tendo os sistemas de callback e de atendimento automático dos CODU recuperado 100% destas chamadas. Consequência das falhas registadas nas infra-estruturas de comunicação nacionais, verificaram-se igualmente constrangimentos pontuais no accionamento de meios de emergência”, pode ainda ler-se na missiva.

Durante a tarde foram progressivamente restabelecidas as comunicações telefónicas, informa também o instituto, que dá conta de que o mesmo sucedeu com o acesso à Internet e à rede SIRESP, verificando-se a normalização do serviço ao nível nacional pelas 23h20.

Apesar de reconhecer as referidas falhas, o INEM, que accionou o plano de contingência, assegura, ainda assim, que “todas as chamadas com origem no número europeu de emergência – 112 — foram atendidas e que o tempo médio de atendimento situou-se nos 40 segundos”. Garante ainda que “manteve os seus sistemas, telefónico e informático, a funcionar com recurso a geradores que foram imediatamente accionados de forma automática”.

Segundo a mesma informação, este instituto adianta que os centros de orientação de doentes urgentes (CODU) registaram um total de 4576 chamadas recebidas e 3877 meios de emergência accionados. São números que estão em linha com os valores registados habitualmente às segundas-feiras, historicamente o dia da semana com maior actividade de emergência médica.

As aplicações próprias do INEM, de atendimento telefónico, triagem e processamento das chamadas mantiveram-se sempre operacionais, não se tendo registado qualquer interrupção no seu funcionamento e consequente atendimento e triagem telefónica das chamadas recebidas. A autonomia energética dos edifícios onde estão instalados os CODU do INEM esteve sempre garantida através dos geradores próprios existentes”, afirma o instituto no comunicado, que dá conta também do reforço das equipas.

Sindicato denuncia falhas e 400 chamadas perdidas

Por seu turno, em declarações ao PÚBLICO, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, afirma que, no caso do INEM, o SIRESP não funcionou de todo e, pelo menos, 400 chamadas de emergência terão ficado perdidas.

“Logo desde o início do apagão, e uma vez que a Vodafone, que é a única rede móvel que o INEM utiliza, ficou inoperacional, ficaram sem comunicações entre as centrais e os meios. O SIRESP no INEM também colapsou, supostamente por constrangimentos nas centrais CODU. Na Protecção Civil [este sistema] aguentou-se durante a tarde toda”, assegura Rui Lázaro. “Isto fez com que os CODU perdessem contacto com muitos meios”, afirma.

Em declarações à TSF na manhã desta terça-feira, também o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, admitiu que os problemas verificados no SIRESP podem ter afectado o desempenho do INEM.

Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, assumiu, ainda na noite de segunda-feira, que terá havido um período com maior dificuldade nas comunicações e garantiu que será feita uma avaliação ao que falhou: Todos terão de assumir a sua responsabilidade na avaliação desta situação. Se houver responsabilidades a assumir, terão de ser assumidas.” O PÚBLICO já questionou a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, que tutela o SIRESP, quanto ao seguimento que será dado às falhas que se verificaram e se vai ser aberto algum inquérito para apurar responsabilidades por parte da empresa que opera este sistema​, mas ainda não recebeu resposta.

“As ambulâncias conseguiam falar entre elas se fosse necessário, mas não conseguiam contacto com a central de emergência”, explica Rui Lázaro ao PÚBLICO. A comunicação alternativa operada pelas corporações ocorreu, por isso, através dos telemóveis dos próprios técnicos ou pelos comandos regionais, onde o SIRESP funcionava, conforme relata este responsável. Mas o dia não correu sem sobressaltos.

Por um lado, a dependência de sistemas de navegação electrónica (como o GPS) e a inexistência de mapas nas ambulâncias dificultou e aumentou o tempo de espera por socorro das populações. E os bombeiros viram-se mesmo obrigados a recorrer à velha técnica de perguntar aos transeuntes que caminho deviam seguir, exemplifica ainda.

Noutros casos, houve ambulâncias que só conseguiram comunicar a sua operacionalidade quando regressaram à base. Rui Lázaro fala também em, pelo menos, 400 chamadas de emergência que ficaram perdidas.

SIRESP continua com dificuldades na PSP, bombeiros e INEM

A rede SIRESP continuava na manhã desta terça-feira a funcionar com dificuldades nos comandos da PSP de Bragança, Braga, Porto, Portalegre e Coimbra, no INEM e em algumas corporações de bombeiros da região Norte, segundo fontes destas autoridades.

Fonte oficial da PSP indicou à Lusa que o SIRESP está a funcionar, mas com dificuldades naqueles cinco comandos distritais da PSP.

Fonte ligada ao INEM avançou também à Lusa que na região Norte o INEM e os bombeiros estão com problemas no acesso ao SIRESP por falta de rede. Segundo a PSP, a electricidade e os telefones estão a funcionar em todas as esquadras do país.

Também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse à Lusa que a rede SIRESP entrou “em degradação” ao final da tarde de segunda-feira em determinados pontos do país, nomeadamente na cidade de Lisboa, onde alguns rádios não funcionaram. com Lusa

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