publico.pt - 29 abr. 13:42
SIRESP: Governo reconhece falhas. INEM admite problemas pontuais no accionamento de meios
SIRESP: Governo reconhece falhas. INEM admite problemas pontuais no accionamento de meios
Sindicato diz que o SIRESP falhou por completo na comunicação do INEM. Ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, admite que houve falhas. INEM activou plano de contingência.
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O Governo admitiu que houve falhas no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), a rede de comunicações de emergência do Estado, nesta segunda-feira, dia em que a rede eléctrica colapsou durante longas horas em grande parte do território nacional. Em declarações à Sic Notícias na manhã desta terça-feira, o ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou: “O SIRESP não funcionou a 100%. Teve falhas, temos de tirar lições, mas em 11 horas pusemos o país a funcionar.”
Já o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em comunicado enviado às redacções no final da manhã desta terça-feira, admite que entre as 13h e as 15h houve “um período de maior pressão no sistema devido a falhas registadas nas redes móveis de comunicações em todo o país”. “O pico de chamadas em espera e desligadas na origem registou-se cerca das 14h, com um total de 100 chamadas, tendo os sistemas de callback e de atendimento automático dos CODU recuperado 100% destas chamadas. Consequência das falhas registadas nas infra-estruturas de comunicação nacionais, verificaram-se igualmente constrangimentos pontuais no accionamento de meios de emergência”, pode ainda ler-se na missiva.
Durante a tarde foram progressivamente restabelecidas as comunicações telefónicas, informa também o instituto, que dá conta de que o mesmo sucedeu com o acesso à Internet e à rede SIRESP, verificando-se a normalização do serviço ao nível nacional pelas 23h20.
Apesar de reconhecer as referidas falhas, o INEM, que accionou o plano de contingência, assegura, ainda assim, que “todas as chamadas com origem no número europeu de emergência – 112 — foram atendidas” e que “o tempo médio de atendimento situou-se nos 40 segundos”. Garante ainda que “manteve os seus sistemas, telefónico e informático, a funcionar com recurso a geradores que foram imediatamente accionados de forma automática”.
Segundo a mesma informação, este instituto adianta que os centros de orientação de doentes urgentes (CODU) registaram um total de 4576 chamadas recebidas e 3877 meios de emergência accionados. São números que estão “em linha com os valores registados habitualmente às segundas-feiras, historicamente o dia da semana com maior actividade de emergência médica”.
“As aplicações próprias do INEM, de atendimento telefónico, triagem e processamento das chamadas mantiveram-se sempre operacionais, não se tendo registado qualquer interrupção no seu funcionamento e consequente atendimento e triagem telefónica das chamadas recebidas. A autonomia energética dos edifícios onde estão instalados os CODU do INEM esteve sempre garantida através dos geradores próprios existentes”, afirma o instituto no comunicado, que dá conta também do reforço das equipas.
Sindicato denuncia falhas e 400 chamadas perdidasPor seu turno, em declarações ao PÚBLICO, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, afirma que, no caso do INEM, o SIRESP não funcionou de todo e, pelo menos, 400 chamadas de emergência terão ficado perdidas.
“Logo desde o início do apagão, e uma vez que a Vodafone, que é a única rede móvel que o INEM utiliza, ficou inoperacional, ficaram sem comunicações entre as centrais e os meios. O SIRESP no INEM também colapsou, supostamente por constrangimentos nas centrais CODU. Na Protecção Civil [este sistema] aguentou-se durante a tarde toda”, assegura Rui Lázaro. “Isto fez com que os CODU perdessem contacto com muitos meios”, afirma.
Em declarações à TSF na manhã desta terça-feira, também o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, admitiu que os problemas verificados no SIRESP podem ter afectado o desempenho do INEM.
Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, assumiu, ainda na noite de segunda-feira, que terá havido um período com maior dificuldade nas comunicações e garantiu que será feita uma avaliação ao que falhou: “Todos terão de assumir a sua responsabilidade na avaliação desta situação. Se houver responsabilidades a assumir, terão de ser assumidas.” O PÚBLICO já questionou a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, que tutela o SIRESP, quanto ao seguimento que será dado às falhas que se verificaram e se vai ser aberto algum inquérito para apurar responsabilidades por parte da empresa que opera este sistema, mas ainda não recebeu resposta.
“As ambulâncias conseguiam falar entre elas se fosse necessário, mas não conseguiam contacto com a central de emergência”, explica Rui Lázaro ao PÚBLICO. A comunicação alternativa operada pelas corporações ocorreu, por isso, através dos telemóveis dos próprios técnicos ou pelos comandos regionais, onde o SIRESP funcionava, conforme relata este responsável. Mas o dia não correu sem sobressaltos.
Por um lado, a dependência de sistemas de navegação electrónica (como o GPS) e a inexistência de mapas nas ambulâncias dificultou e aumentou o tempo de espera por socorro das populações. E os bombeiros viram-se mesmo obrigados a recorrer à velha técnica de perguntar aos transeuntes que caminho deviam seguir, exemplifica ainda.
Noutros casos, houve ambulâncias que só conseguiram comunicar a sua operacionalidade quando regressaram à base. Rui Lázaro fala também em, pelo menos, 400 chamadas de emergência que ficaram perdidas.
SIRESP continua com dificuldades na PSP, bombeiros e INEMA rede SIRESP continuava na manhã desta terça-feira a funcionar com dificuldades nos comandos da PSP de Bragança, Braga, Porto, Portalegre e Coimbra, no INEM e em algumas corporações de bombeiros da região Norte, segundo fontes destas autoridades.
Fonte oficial da PSP indicou à Lusa que o SIRESP está a funcionar, mas com dificuldades naqueles cinco comandos distritais da PSP.
Fonte ligada ao INEM avançou também à Lusa que na região Norte o INEM e os bombeiros estão com problemas no acesso ao SIRESP por falta de rede. Segundo a PSP, a electricidade e os telefones estão a funcionar em todas as esquadras do país.
Também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse à Lusa que a rede SIRESP entrou “em degradação” ao final da tarde de segunda-feira em determinados pontos do país, nomeadamente na cidade de Lisboa, onde alguns rádios não funcionaram. com Lusa