www.publico.ptpublico.pt - 29 abr. 15:15

Sánchez quer apurar responsabilidades com operadores privados e atira contra nuclear

Sánchez quer apurar responsabilidades com operadores privados e atira contra nuclear

O que aconteceu ontem vai motivar uma investigação que se espera que traga reformas específicas, afirmou o presidente do Governo espanhol. “O que aconteceu ontem não pode voltar a acontecer.”
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O Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, falou, esta terça-feira, numa conferência de imprensa onde fez um ponto de situação sobre o apagão que, na segunda-feira, deixou Espanha e Portugal às escuras. Numa altura em que já se recuperou a normalidade na maioria dos municípios espanhóis, Sánchez faz um balanço positivo — “o sistema reagiu com agilidade, e os actores políticos e privados com eficácia” —, mas diz que ainda é muito cedo para conclusões e deixou a promessa de exigir responsabilidades aos operadores privados.

O ponto de situação, na manhã desta terça-feira, é o de uma aparente normalidade em Espanha. Sem incidentes registados durante a noite, os serviços estão abertos e as redes telefónicas, “que sofreram momentos críticos” durante o dia de segunda-feira, já estão perto da normalidade.

Por enquanto, ainda não se sabe o que se passou naqueles “cinco segundos” críticos que fizeram cair o sistema. Questionado várias vezes sobre o que se poderá ter passado, Sánchez não se comprometeu com uma explicação, preferindo esperar pelos resultados preliminares que poderão ser conhecidos nas próximas “horas ou dias”.

E deixou uma promessa: o “Governo de Espanha vai chegar até ao fundo neste assunto”, com reformas e medidas necessárias, exigindo responsabilidades aos operadores privados. Para esse efeito, foi criada uma comissão de investigação, para ter uma “fotografia mais certeira e verosímil do que aconteceu”, e cujos resultados serão usados para reforçar o sistema eléctrico. No entanto, alerta, será necessário “tempo para análise e diagnóstico”.

“O que aconteceu ontem não pode voltar a acontecer”, afirmou.

Energia nuclear “não é mais resiliente”

Tal como em Portugal, também se questionaram as dependências energéticas externas e a falta de produção própria. Em Espanha, esse debate está a centrar-se também nas centrais nucleares. De acordo com o chefe do Governo espanhol, apenas duas centrais estavam a produzir na segunda-feira. “Foram um problema”, admite, “porque foi preciso desviar grandes quantidades de energia para manter os núcleos estáveis” — e isso só aconteceu graças às “interconexões com França e Marrocos, gás e centrais hidroeléctricas”.

“Quem diz que temos falta de nucleares ou mente ou é ignorante”, afirmou durante a conferência de imprensa. “Estava a ser gerada energia nuclear antes da queda do sistema e as centrais desligaram-se, como as outras. O nuclear não foi mais resiliente.”

Depender ainda mais da energia nuclear não ia “permitir uma recuperação tão rápida”, acredita. E deixa uma mensagem a quem está a agitar este debate: “Desde há vários dias que cinco reactores nucleares estão parados por decisão das empresas operadoras que afirmam que não são competitivas, comparadas com as renováveis.”

Falta de informação do Governo preocupa oposição

Questionado pelos jornalistas sobre se teria havido falta de comunicação com os líderes das comunidades autónomas e líderes parlamentares, Sánchez afirmou que conseguiu comunicar com todos atempadamente, mas reconheceu uma dificuldade em falar com Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular, principal partido da oposição: “Havia dificuldades com a comunicação onde ele estava.”

Acusado pelo PP de falta de informação ao longo do dia, o líder do Governo espanhol afirma que se trata de uma situação “inédita” e que este debate não é prioridade neste momento: “O importante é voltar a ter energia.”

“O Governo compareceu quando teve informação”, afirmou Sánchez. “A ordem que demos ao operador privado de energia é que comunicasse de maneira regular. O Governo foi transparente e apareceu quando tinha uma informação mais precisa.”

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