publico.pt - 29 abr. 14:58
Guimarães apresentou o seu puzzle da mobilidade, cuja peça central é o metrobus
Guimarães apresentou o seu puzzle da mobilidade, cuja peça central é o metrobus
Estudos do BRT apontam para um investimento de 159 milhões de euros para servir um tecto máximo a rondar os 3,25 milhões de passageiros por ano.
Com o propósito único de colocar tudo em “pratos limpos”, o executivo da Câmara de Guimarães realizou, nesta segunda-feira, uma reunião extraordinária para discutir e revelar publicamente o ponto de situação de vários projectos de mobilidade que têm marcado a agenda pública. A peça central de todo o esquema é o metrobus.
Acompanhado de especialistas e técnicos responsáveis pelos estudos que vão da ferrovia à rodovia, de âmbito regional e local, o autarca vimaranense sustentou o legado do “árduo” trabalho dos últimos anos, bem como a sua perspectiva para o futuro a médio prazo.
Nesse futuro, o BRT (Bus Rapid Transit) é a peça chave do puzzle. Não apenas como ligação intermunicipal à cidade de Braga e à futura estação de alta velocidade, mas sim como espinha dorsal para a resolução dos problemas de mobilidade nas áreas mais densamente habitadas e onde se concentra mais indústria, resolvendo “freguesia a freguesia” os problemas de mobilidade da população local.
Aliás, segundo Anita Pinto, técnica da autarquia, os estudos de tráfego apontam para que, apesar dos investimentos já realizados no âmbito dos transportes públicos colectivos, a utilização dos meios próprios de transporte tem aumentado. Ora, tendo em conta que o espaço público “é finito”, a solução para o problema passa pela criação de “canais dedicados”, atribuindo ao transporte público “competitividade” e “fiabilidade”.
Assim, o metrobus de Guimarães conta em instalar-se no território com duas linhas: a principal, com início junto ao Estádio D. Afonso Henriques, em direcção às Taipas; e uma segunda que liga a vila ao Ave Park.
De acordo com os dados revelados por José Ponte, especialista da Universidade do Minho, a rede BRT prevê atingir os 3,25 milhões de passageiros por ano, desafogando assim EN-101, artéria muito congestionada pelo trânsito automóvel.
Em foco na análise esteve também o custo benefício da operação, confrontando soluções entre uma frota eléctrica (a baterias) ou hidrogénio (fuel cell). Apesar de ambas obterem luz verde nos principais indicadores, e tendo conta que o mercado das baterias já apresenta soluções com autonomia suficiente para sustentar veículos com 12 e 18 metros, é a frota eléctrica que sai em vantagem: 159 milhões de euros face a 172 milhões de investimento.
Os estudos de inserção da linha de metrobus no terreno (do qual já foram reveladas algumas imagens) estarão concluídos em Julho deste ano, seguindo-se o projecto de expropriações e acordo de direitos de superfície, antes de finalmente se avançar para o projecto de execução.
Com uma panóplia de projectos rodoviários em mão, pensados para resolver pontos críticos da cidade e dos seus acessos, Domingos Bragança anunciou que quer lançar o concurso público da obra de rearranjo da saída da variante de Creixomil ainda este ano, depois de obter luz verde da IP. Empreitada que envolve a construção de uma ligação directa à EN-206 antes da rotunda de Silvares, permitindo escoar o trânsito antecipadamente e evitar o congestionamento no local.
Consenso políticoPerante este conjunto alargado de projectos apresentados, a palavra que acabou por ser mais ouvida foi mesmo “consenso”. Consenso por parte da oposição liderada por Ricardo Araújo (PSD/CDS) que, apesar de lamentar a “demora” na concretização de projectos “estratégicos” e “prioritários” para resolver os problemas de mobilidade dos vimaranenses, se mostrou agradado com o que viu, considerando que se trata de um passo no caminho certo.
Sobretudo em relação ao BRT, o vereador social-democrata diz-se totalmente comprometido com a solução avançada com o presidente da Câmara. “Defendo um canal exclusivo e dedicado ao BRT. Estou concentrado em encontrar soluções válidas e exequíveis”, esclareceu.
Também Domingos Bragança sublinhou o “consenso político” como ferramenta para levar os projectos a “bom porto”, sobretudo face a uma negociação que terá de existir com o Governo para garantir o financiamento do projecto.