observador.pt - 29 abr. 18:11
CIP faz levantamento de prejuízos e critica falta de definição de interlocutores "nas primeiras horas"
CIP faz levantamento de prejuízos e critica falta de definição de interlocutores "nas primeiras horas"
A CIP está a fazer um levantamento de prejuízos. Mas garante ter havido impactos significativos, quer por cancelamento de turnos, reinício de sistemas e até de destruição de produtos.
A CIP está ainda a fazer um levantamento junto dos associados para verificar o impacto do apagão, mas garante que já lhe foram reportadas “elevadas perdas devido à obrigatória interrupção da atividade”. A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) indica que “a grande maioria dos setores prevê um regresso pleno à normalidade nestas próximas 24 horas.”
Ao Observador, Rafael Alves Rocha, diretor-geral da CIP, indica, por escrito, alguns impactos detetados na segunda-feira, dia do apagão. Um deles foi o cancelamento de turnos pela falta de previsibilidade em relação à reposição energética. Durante o dia de segunda-feira, o tempo de reposição foi sendo indicativo, acabando por condicionar a atividade das empresas.
Por outro lado, indica o mesmo responsável, “existem ciclos produtivos cuja interrupção é proibida sob pena de perda total do trabalho iniciado” e ainda há a “considerar os custos associados ao rearranque da produção nos casos de empresas em contínua laboração. A situação ganha especial relevo nos setores eletrointensivos”.
Realçando um impacto transversal ao tecido empresarial, Rafael Alves Rocha aponta ainda para os prejuízos na indústria agroalimentar que sofreu “bastante com a longa paragem das linhas de produção, nomeadamente no que concerne aos produtos perecíveis”, obrigando à destruição de muitos produtos, nomeadamente os lácteos, diz ao Observador.
As contas aos prejuízos e medidas a adotar para mitigação desses custos “far-se-ão a seu tempo depois do levantamento exaustivo da situação”. “Num país com baixos níveis de produtividade como é o caso de Portugal, qualquer disrupção agrava de sobremaneira esse cenário”. Mas, agora, diz, “é tempo sobretudo de reativar a atividade económica a 100%”.
Mas há lições que podem já ser retiradas, nomeadamente “a falta de procedimentos previamente estabelecidos para enfrentar este tipo de episódios disruptivos” e a “inexistência de interlocutores definidos nas primeiras horas”.
Aponta ainda “a deficitária resposta de alguns serviços da administração pública”, lembrando que esta manhã o portal da Autoridade Tributária estava ainda em baixo “impedindo por exemplo a emissão de faturas”. E, por isso, clama “a necessidade de melhorar a comunicação com o público”, assumindo-a como “fundamental, especialmente face ao elevado potencial de desinformação”.