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As (minhas) lições do “apagão”

As (minhas) lições do “apagão”

Se na pandemia jurei a mim mesmo que não me voltavam a apanhar desprevenido — temos máscaras e álcool gel —, eis que agora voltei a ser ultrapassado na curva com o “apagão”.

Sou uma pessoa prevenida, sem excessos. Pelo menos é assim que me vejo. Pertenço a uma geração, e a um lugar, onde a água canalizada e a luz eléctrica eram dados adquiridos, mas não isentos de diversas falhas.

Por isso mesmo, e provavelmente também por ter sido escoteiro durante vários anos, tenho sempre um kit (leia-se um conjunto de coisas localizadas em vários pontos da casa) de apoio que consiste num jerricã de 25 litros de água (salvador em tempos de obras no bairro e rupturas na rede), lanterna, pilhas, canivete suíço, Campingaz pequeno, velas e fósforos.

Há também dois powerbanks para telemóvel, embora raramente se saiba dos dois ao mesmo tempo.

Na cozinha e na despensa há também comida para pelo menos três dias, como o recomendado, tendo em conta que somos três pessoas e dois gatos.

Se na pandemia jurei a mim mesmo que não me voltavam a apanhar desprevenido — temos máscaras e álcool gel —, eis que agora voltei a ser ultrapassado na curva com o “apagão”. Primeiro, o rádio a pilhas. Faz todo o sentido, até pela homenagem aos tempos dourados da rádio, mas foi sempre uma compra adiada.

Nesta segunda-feira, os poucos que havia nas lojas saíram que nem pãezinhos quentes, tal como as pilhas, num cenário digno de um episódio do Black Mirror. Quanto às próprias das pilhas, nada a dizer, embora com dúvidas sobre o estado de algumas das recarregáveis devidamente arrumadas numa caixa.

Os powerbanks, esses, já localizados, pareciam perto do zero. Quanto às velas, já fiz a nota mental de comprar aquelas que servem apenas para iluminar, porque gosto do cheiro a pêssego, mas só até um certo ponto.

Da água nada a dizer, mas esqueci-me também que o gás da pequena botija tinha acabado em 2021. No que respeita à comida, sim, tudo pronto para os três dias, desde que não me cortem a luz e o gás (nota: nem pensei em ir a um supermercado, ainda mais depois de o meu filho passar por um e dizer que parecia “o apocalipse”). Está aprendida a lição, a pensar na próxima vez.

PS – Nesta segunda-feira, duas farmácias perto da minha casa, na área de Lisboa, estavam fechadas à tarde. Nada dizia para onde as pessoas se tinham de dirigir. O mais plausível seria a farmácia de serviço, mas essa, na verdade, só estaria oficialmente de serviço à noite.

Uma das farmácias fechadas informou que o gerador só dava para manter os medicamentos que precisam de refrigeração, e que sem sistema informático também não tinham capacidade para atender (os medicamentos já não apresentam os preços nas embalagens). Ou seja, se fosse esta a farmácia de serviço tinha fechado à mesma.

Seria bom, quem de direito, pensar num sistema que garanta uma farmácia capaz de se manter aberta em cada zona, sem falhas, em casos semelhantes.

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