rr.pt - 29 abr. 19:00
Da I Liga a campeão distrital. Joãozinho “tira o chapéu” ao Oriental e recorda Estoril capaz de “surpreender qualquer adversário”
Da I Liga a campeão distrital. Joãozinho “tira o chapéu” ao Oriental e recorda Estoril capaz de “surpreender qualquer adversário”
Em dois anos, o lateral de 35 anos saltou da primeira para a quinta divisão e mostra-se “surpreendido” pelo nível que encontrou. Agora nos guerreiros de Marvila, não esquece o Estoril e está atento ao duelo dos canarinhos com o Benfica.
Em menos de dois anos, Joãozinho passou de capitão de um clube na I Liga, a campeão da 1.ª divisão distrital da AF de Lisboa. Um salto de cinco divisões que surpreendeu muitos dos olham de fora, mas que foi dado por opção e tem deixado o lateral de 35 anos impressionado.
“O pessoal acaba aqui o treino e quase todos eles vão trabalhar, é um esforço muito grande e nisso tiro o chapéu aos meus colegas. Não são profissionais, mas comportam-se como autênticos profissionais. Esta conquista também tem muito sabor por causa disso”, diz, em entrevista a Bola Branca.
Já segue a Bola Branca no WhatsApp? É só clicar aqui
Depois de um ano no Torreense, na segunda liga, após deixar o Estoril, Joãozinho recusou voltar a sair Portugal – onde já jogou na Bélgica, no Chipre, na Roménia e na Moldávia – e optou por ingressar no clube da zona em que cresceu, o Clube Oriental de Lisboa. Um regresso ao futebol amador depois de 15 anos como profissional.
“A grande diferença que se sente aqui é sobretudo nos campos que apanhamos, principalmente quando jogamos fora, em que muitos deles não têm grandes condições e apanhamos muitos sintéticos”, explica.
Outra das adaptações foi “a questão da mentalidade”. Para quem está habituado a competir ao mais alto nível, a realidade dos campeonatos distritais requer um ajuste, mas é também uma mais-valia.
“Um bocado da experiência e da mentalidade que adquiri ao longo destes anos no futebol profissional, trouxe também para aqui para o futebol distrital”, revela.
Na época passada, o lateral jogou com regularidade na segunda Liga pelo Torreense. De uma época para a outra, saltou de um contexto profissional para uma realidade amadora na distrital da associação de futebol de Lisboa. Apesar dos desafios, no cômputo geral, Joãozinho admite que ficou impressionado com o que encontrou na quinta divisão.
“Surpreendeu-me muito pela positiva, confesso, a qualidade que encontrei aqui nos meus colegas, a nível humano e a nível desportivo”, conta.
Depois de uma época de sucesso no Oriental com a subida de divisão ao Campeonato de Portugal e, a nível individual, seis golos e sete assistências a jogar como defesa, Joãozinho ainda não tomou uma decisão sobre o futuro. Apesar de se sentir bem, com 35 anos, aguarda por decisões do clube para perceber os próximos passos, até porque não têm faltado convites para voltar a competir a um nível superior.
“Uma coisa é certa, se a base desta equipa não continuar, se o staff técnico não continuar, acho que também não faz sentido eu continuar”, começa.
“Isto é uma caminhada que fizemos juntos. Começámos praticamente do zero, porque foi feita uma equipa nova, com um treinador novo vindo dos juniores, que se calhar ninguém acreditava no início que era possível fazer este brilharete, e acho que estas pessoas merecem todo o respeito e todo o mérito por aquilo que alcançaram”, completa.
Numa visita ao passado recente Joãozinho tem a experiência de pisar os grandes palcos do futebol português. Na I Liga, representou Sporting, SC Braga, Estoril, Tondela, Beira-Mar e União da Madeira. A ligação mais duradoura foi à equipa da linha, onde passou três época e meia e envergou a braçadeira de capitão.
Pelo Estoril, o lateral foi titular e capitão da última vez que os canarinhos travaram o Benfica, em empate a 1-1, em casa, em 2021. Agora, a equipa da Amoreira volta a estar no caminho dos encarnados para o título. Joãozinho já não está no António Coimbra da Mota, mas as condições adversas às águias mantêm-se.
“Jogar na Amoreira não é fácil. Quando estava lá, nós sabíamos que, em casa, podíamos surpreender qualquer adversário”, começa por explicar, nestas declarações à Renascença. “Depois, é dentro do campo acreditar que é possível ganhar a estas grandes equipas, tentar jogar olhos nos olhos”.
O Benfica visita o Estoril numa fase decisiva da época, em igualdade pontual com o Sporting na liderança do campeonato e uma semana antes do dérbi decisivo. O contexto de tensão para o lado encarnado pode, na opinião do antigo lateral, favorecer a equipa orientada por Ian Cathro.
“O Benfica tem muito mais pressão para ganhar este jogo do que o Estoril. [Essa pressão] pode ser usada como arma, até porque o tempo corre a favor da equipa do Estoril. O Benfica está obrigado a ganhar”, conclui.