www.publico.ptpublico.pt - 29 abr. 17:28

Depois do apagão, há supermercados abertos de prateleiras vazias

Depois do apagão, há supermercados abertos de prateleiras vazias

A falha de energia eléctrica levou muita gente às compras, com receio de que a situação perdurasse. No dia a seguir, o PÚBLICO encontrou supermercados com prateleiras vazias.

Leite, enlatados, leguminosas em conserva, cereais. E água engarrafada, muita água engarrafada. O apagão desta segunda-feira, que deixou Portugal às escuras entre as 11h30 da manhã e a hora de jantar, teve o efeito de levar muitos a encher a despensa, com receio de que a situação de falta de energia perdurasse.

Mais de 24 horas depois do início da perturbação e mais de 12 horas a seguir ao restabelecimento de energia, muitas superfícies comerciais ainda não conseguiram realizar a reposição de muitos produtos, com muitas prateleiras vazias, apesar da garantia da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição de que o reabastecimento de bens alimentares está a caminho da normalização.

No Lidl de Alfragide, concelho da Amadora, por exemplo, o “assalto” foi feito ao pão e bolos embalados, aos cereais de pequeno-almoço, ao leite ultrapasteurizado, enlatados e conservas várias, água e batatas de pacote, cujas prateleiras permaneciam vazias ao início da tarde desta terça-feira. Papel higiénico já tinha sido reposto durante a manhã, mas, confirmaram clientes ao PÚBLICO, na véspera não sobrara um rolo na prateleira dedicada.

A predilecção pelo abastecimento de papel higiénico é comum em qualquer situação de crise, tendo-se assistido a semelhante movimento por altura dos primeiros confinamentos por causa da pandemia de covid-19.

A causa é histórica e está relacionada com o facto de esse ter sido um dos bens em falta aquando da crise petrolífera de 1973, decorrente do embargo decretado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a todos os países que apoiavam Telavive na guerra que opôs árabes a israelitas, Japão incluído (curiosidade: Portugal foi também atingido neste corte, numa segunda leva decretada pela OPEP).

Sem petróleo, o abastecimento foi posto em causa e os preços dispararam, com aumentos absurdos a cada dia. E, desde então, mesmo que não haja ameaça ao abastecimento, é comum assistir-se a uma corrida à procura de papel higiénico.

Já sobre os bens alimentares, é importante comprar tendo em conta o número de pessoas em casa e o número de dias em que se ficará sem acesso a um supermercado — o que, no caso, se cingiu a apenas umas horas e só em alguns locais. No entanto, não vale a pena encher a casa de enlatados, mas antes criar uma lista nutritiva.

Em 2020, Cláudia Viegas, professora na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e co-autora do livro Prazer sem Pecado (Esfera dos Livros, 2017), aconselhava a criação de três listas. A primeira, de produtos secos (“a adquirir em quantidades maiores de acordo com o tamanho da família”), outra de frescos, que aguentam algum tempo no frigorífico, e uma terceira, de produtos congelados — isto nos casos em que há electricidade disponível.

Compras racionais e nutritivas

Na primeira lista, é de incluir pão, à unidade ou fatiado, que pode congelar (se houver electricidade), mas “também farinha, já que poderá ser uma boa oportunidade para fazer pão em casa”, além de arroz e massas (é de estimar entre 35g e 70g por pessoa, por refeição, ainda que deva ter em conta que não irá comer arroz e massa todas as refeições). Opte ainda por juntar à lista dos secos grão-de-bico, feijão e lentilhas, tendo em conta que as leguminosas, além de serem ricas em fibras, podem ser servidas sem qualquer proteína, compondo por si só uma refeição principal, “oferecendo proteínas e hidratos de carbono de boa qualidade”, frisa a nutricionista. De referir que as secas rendem mais (em quantidade e valor), apesar de exigirem mais tempo e trabalho.

Nos lacticínios, tenha em consideração as condições de conservação e o acesso ao frio. Depois, quantas pessoas bebem leite em casa e compre uma quantidade que preveja uma média de 3dl por pessoa, por dia. Na secção de iogurtes, ponha no cesto pelo menos uma unidade por pessoa por dia, ainda que possa acrescentar mais, aproveitando o prazo de validade alargado. Manteigas e queijos dependerá do tipo de consumo de cada casa, mas não compre mais quantidade do que compraria numa situação normal — se o fizer está, definitivamente, a comprar em excesso.

Mesmo que não compre habitualmente água engarrafada, será boa ideia ter pelo menos um garrafão de reserva. Se tiver, porém, recipientes vazios em casa, poderá enchê-los, reservando-os para alguma necessidade. E, já que estamos a falar de bebidas, ateste o frasco de café.

Não se acanhe na compra dos vegetais e das frutas, calculando também uma média de consumo por pessoa, mas principalmente escolhendo tanto espécies de curta (alface no caso dos vegetais, bananas entre as frutas) como de longa durabilidade (couves, alho-francês, beringela, courgette, cenoura, laranja, maçã), fazendo posteriormente, em casa, a gestão do consumo. “A maioria dos vegetais permite ainda fazer sopas”, algo a que se poderá dedicar quando os congelados começarem a ser consumidos e o espaço permitir arrumar as sopas.

Para o congelador, em situações em que abastecimento de electricidade está assegurado, ponha no carrinho mais vegetais (couve-de-bruxelas, espinafres, grelos, ervilhas, brócolos, favas...), assim como peixe congelado. Quanto a incluir nas compras carne, Cláudia Viegas não vê grandes benefícios em juntá-la à lista, ainda que, se essa for uma opção, aconselhe quantidades reduzidas. Uma alternativa de elevado valor proteico são os ovos que, por terem uma validade alargada, são uma boa opção, considerava na altura a nutricionista.

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