rr.pt - 29 abr. 17:29
Ainda confuso com o apagão? Três gráficos e um mapa que ajudam a perceber o que aconteceu
Ainda confuso com o apagão? Três gráficos e um mapa que ajudam a perceber o que aconteceu
Consumos de eletricidade caíram a 0 e mesmo as importações de Espanha foram residuais após o apagão das 11h33. Só nas centrais da Tapada do Outeiro, no Norte, e de Castelo de Bode, no Centro, o 'black start' ajudou a repor a luz em Portugal continental.
Se pareceu que as luzes se apagaram de repente, na manhã desta segunda-feira, em escritórios, casas e ruas, os dados revelam que o corte foi, de facto, abrupto e total.
Os números do consumo de eletricidade da REN mostram uma semana como tantas outras, com ligeiras quedas durante a noite e picos de consumo de energia durante a manhã. Num dia normal, o consumo mínimo ronda os 4000 MW, mas, às 11h45 do dia 28 de abril, as tabelas do consumo energético foram a 0 em Portugal continental, depois do apagão que disparou às 11h33.
Apenas a biomassa e o gás natural permitiram manter um consumo residual.
As energias renováveis representam 92,5% do consumo energético em Portugal. Nessa hora, ao final da manhã, também estas falharam, mas foram também aquelas - a hídrica e a eólica - que, a partir das 18h, começaram a assegurar as reposições de energia em certas regiões do território.
A partir do meio da tarde, o fornecimento de eletricidade foi retomado gradualmente. Enquanto Lisboa tardava a iluminar-se, algumas zonas do Norte e Centro recuperavam a luz e a rede telefónica. Em comunicado oficial, a REN explicou que a entidade estava a recorrer aos meios nacionais para reestabelecer a eletricidade: nomeadamente as centrais hídrica de Castelo de Bode, em Tomar, e termoelétrica da Tapada do Outeiro, em Gondomar.
Estas são as duas únicas centrais onde o chamado 'black start' pode ser aplicado. Ou seja, é apenas nestas centrais - hidroelétrica (Castelo de Bode) e a gás natural (Tapada do Outeiro) - que é possível fazer um arranque autónomo sem dependência da rede que, neste caso, estava comprometida pelo apagão também se ter estendido a Espanha.
Devido à sua localização e à rede de centrais na sua proximidade, as duas centrais ajudaram a retomar a energia a norte (Tapada do Outeiro) e a centro e sul (Castelo de Bode).
A Central de Tapada do Outeiro é a mais antiga do país com ciclo combinado e a segunda maior do país a gás natural. Segundo o Expresso, desde março do ano do ano passado que a central passou a "operar num regime transitório", abandonando a exploração comercial. Isto significa que, entretanto, a central tem funcionado apenas para ajudar a manter a segurança no abasteciemnto de gás e que não tem sido utilizada para produzir eletricidade.
A reabilitação da Tapada do Outeiro tem estado em cima da mesa desde 2022.
A dependência de importação de Espanha foi apontada com uma das principais possíveis causas para o corte total de energia em Portugal.
De acordo com os dados da REN, a partir das 11h30, também as importações caíram a zero e só regressaram, em número bastante abaixo do habitual, às 17h45. Em média, são importados entre 450 MW e 650 MW, na segunda-feira, esse consumo baixou para os 297 MW.
Como mostra o saldo importador da REN, a relação energética com Espanha é de parceria: em certos períodos registam-se exportações e noutros, importações.
Apesar de estes dados ajudarem a iluminar o que aconteceu com o fornecimento de eletricidade em Portugal, a causa do apagão que pôs Portugal e Espanha às escuras ainda é desconhecida.