observador.pt - 30 abr. 00:10
Médio Oriente. Portugal defende não haver "plano B" além da solução dos dois Estados
Médio Oriente. Portugal defende não haver "plano B" além da solução dos dois Estados
Portugal está pronto para trabalhar com a França e Arábia Saudita na promoção dos Estados israelita e palestiniano e ainda considera urgente o direito à autodeterminação do povo palestiniano.
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O secretário de Estado dos Neg��cios Estrangeiros e Cooperação de Portugal defendeu nesta terça-feira, perante o Conselho de Segurança da ONU, que “não existe plano B” para a paz no Médio Oriente além da solução de dois Estados.
Em Nova Iorque, numa reunião do Conselho de Segurança dedicada à situação no Médio Oriente, Nuno Sampaio assegurou que Portugal está pronto para trabalhar com a França e Arábia Saudita, os copatrocinadores da Conferência de Alto Nível que promoverá em junho a solução de dois Estados (israelita e palestiniano).
“Portugal está pronto para trabalhar com os copatrocinadores e contribuir para a solução dos Dois Estados, que apoiamos plenamente como a única solução viável a longo prazo para a paz na região e para pôr fim ao conflito. Não existe plano B”, afirmou.
Para permitir uma discussão séria sobre a solução de Dois Estados, o secretário de Estado indicou ser necessário um cessar-fogo e “uma Autoridade Palestiniana devidamente reforçada”, permitindo o seu maior contributo político para uma solução política pacífica para o conflito, principalmente “através do seu papel no terreno como fator de estabilização”.
Nuno Sampaio frisou que o direito à autodeterminação do povo palestiniano continua a ser um “objetivo comum urgente” e avaliou que a Conferência oferecerá “uma valiosa janela de oportunidade que merece todo o empenho para o seu sucesso”.
Visão diferente foi exposta pelos diplomatas de Israel e dos Estados Unidos, que manifestaram o seu ceticismo em relação ao evento que será promovido pela França e Arábia Saudita nas Nações Unidas.
O representante permanente adjunto de Israel na ONU, Jonathan Miller, afirmou que a conferência em causa está “fadada ao fracasso”, advogando que é “irrealista e pode causar mais mal do que bem, porque gera expectativas desnecessárias”.
Já a embaixadora norte-americana junto à ONU, Dorothy Shea, afirmou que Washington “fará a sua parte para ajudar a forjar uma nova realidade ao lado de Israel e parceiros árabes”, mas frisou que “reuniões ou conferências internacionais não mudarão a realidade” de que o “futuro deve começar numa Gaza sem o Hamas”.
Na mesma reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pressionou os Estados-membros da ONU a agirem durante a Conferência de Alto Nível prevista para junho.
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“O meu apelo aos Estados-membros é claro e urgente: Tomem medidas irreversíveis para implementar uma solução de dois Estados. Não deixem que os extremistas de qualquer lado minem o que resta do processo de paz”, pediu.
Guterres incentivou a comunidade internacional a ir “além das afirmações” e a “pensar criativamente” sobre medidas concretas de apoio a uma solução viável de dois Estados “antes que seja tarde demais”.
“Mostrem coragem política e exerçam a vontade política para resolver esta questão central para a paz dos palestinianos, dos israelitas, da região e da humanidade”, concluiu o líder da ONU.
Ainda na sua intervenção perante o Conselho de Segurança, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal abordou também a situação na Síria e no Líbano, defendendo que quer o povo libanês, quer o povo sírio “merecem paz e total respeito pela integridade territorial, unidade e soberania dos seus países”.
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“No Líbano, devemos continuar a apoiar o novo Governo no seu objetivo de reforçar as instituições estatais. (…) Em relação à Síria, salientamos a importância de uma transição política pacífica e inclusiva, protegendo todos os sírios, independentemente da etnia ou origem religiosa, (…), e livre de interferências estrangeiras prejudiciais”, afirmou.