www.publico.pt - 29 abr. 05:07
Cartas ao director
Cartas ao director
Crónica aeroportuária
Acabei de ler no semanário Expresso um artigo onde é relatada uma má experiência recente no aeroporto de Lisboa. Passei por essa experiência há duas semanas. O aeroporto de Lisboa devia chamar-se IKEAporto uma vez que não é mais do que uma loja onde, como no IKEA, se queres chegar ao teu destino – o avião –, tens que percorrer o labirinto de stands do free shop, onde te tentam seduzir com um whisky, uns óculos de sol, um relógio, uma lata de sardinhas portuguesíssimas ou outra inutilidade qualquer para quem vai viajar. Esta excursão, modelo IKEA, é-te facultada depois de te terem obrigado a percorrer meia maratona para passares na segurança onde, após te privarem dos teus mais preciosos bens e ficares descalço (…), terás luz verde para prosseguir viagem. Tudo muito instrutivo e montado com o firme propósito de te fazer desistir de andar de avião para poupar o planeta.
Claro que depois, no regresso, (…) um autocarro espera por ti e por mais 150 passageiros ou tantos quantos couberem, levando-te, com várias paragens pelo caminho (…), até uma porta bem longe do local onde descansa o avião. És então despejado e poderás percorrer a pé um longo percurso de corredores e escadas até chegares ao teu tapete de recolha das bagagens que, surpresa!, demorarão a chegar ainda mais tempo do que a meia hora que passaste nestes passatempos. São momentos assim que te tornam num homem capaz de resistir a qualquer má experiência.
Jorge Mónica, Parede
Santa ignorância?Helder Pancadas, da Sobreda da Caparica, em carta publicada dia 27 no PÚBLICO, referiu-se às propostas eleitorais da CDU, anunciadas por Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, como sendo "Santa Ignorância ou Santa Demagogia". Este leitor até pergunta em que país isso acontece. Não é preciso rebuscar muito para se encontrar um país em que a estrutura económica da sociedade são a banca e as empresas estruturais, públicas, para alimentarem o desenvolvimento geral e serviços públicos de qualidade. Esse país é a China, que se permite com isso funcionar com planos estatais de cinco anos e um desenvolvimento económico que rondou os dois dígitos por muitos anos e é actualmente de 5%. Em poucos anos acabou com a pobreza para cerca de 800 milhões de habitantes. É claro que para quem esteja submerso na política dita ocidental, em que tudo tem sido privatizado e, por isso, a qualidade de vida tem diminuído e a pobreza aumentado, nada disto conta. Basta olhar para a miséria dos sem-abrigo. Paulo Raimundo não fala de cor, com promessas avulsas, baseia-se em estudos credíveis. Perante isto, pergunto: onde estará a ignorância e a demagogia?
Mário Pires Miguel, Reboleira
E depois de Francisco?O passado da Igreja Católica não é arrebatador. Os milhares de mortos nas fogueiras da Inquisição e o massacre das tribos índias em nome da evangelização é uma nódoa difícil de apagar. O Papa Francisco foi de todos os pontífices o mais militante a nível político-social. Apesar de não ter avançado com a ordenação de mulheres, deixa um notável exemplo na evocação do “todos, todos, todos”. Pena é que muitos líderes políticos presentes no seu funeral tenham vertido as chamadas lágrimas de crocodilo. Se os líderes políticos europeus tivessem a visão e o carisma de Francisco, o mundo estaria melhor. Os tambores da guerra vão continuar a soar forte. Que falta vai fazer.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Saúde e propagandaLuís Montenegro, o ainda primeiro-ministro, afirmou que a saúde está melhor do que há um ano e esta afirmação optimista não é verdadeira. É pura propaganda. A ministra da Saúde (…), desde que está no cargo, tem revelado incompetência em gerir a pasta, mas quem a ouvir diz que a saúde funciona, tudo está bem e os portugueses podem estar confiantes. A ministra é, perdoar-me-á a caracterização, “sabidona” e tem um grande topete perante as câmaras, nunca assumindo culpas quando as urgências fecham e entopem ou quando algo corre mal e não devia correr. (…) A saúde está melhor do que há um ano? Propaganda, só propaganda.
António Cândido Miguéis, Vila Real
Onde estão os democratas?Cara Teresa de Sousa, li, como sempre, o que tão bem escreve ao domingo sobre a dramática situação que vivemos sob a administração Trump. Peço só que nos informe sobre onde estão os democratas, quem são os actuais líderes e eventuais candidatos à presidência. O que andam a fazer? Que eficácia terão?
António Souto, Lisboa