expresso.pt - 29 abr. 17:25
Oitenta anos da bomba atómica: “A nossa escola tornou-se uma espécie de depósito de corpos”
Oitenta anos da bomba atómica: “A nossa escola tornou-se uma espécie de depósito de corpos”
Quase oito décadas depois das forças americanas terem lançado bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, a memória dos custos humanos persiste. Só na cidade portuária de Nagasaki morreram mais de 73 mil pessoas. “Lembro-me até hoje de que chorámos todos juntos, a minha mãe a gritar que toda a gente se salvou”, contou o sobrevivente Mase Seiichiro ao Expresso
Mase Seiichiro tinha 10 anos quando o rumo da história mudou. Os detalhes ficaram consigo. Estava um dia quente, eram férias de verão da escola, e o alerta de ataque aéreo fora retirado durante a manhã. “A minha avó e mãe estavam a cozinhar e a lavar a roupa. Eu estava a brincar com um órgão que tinha em casa, a fazer sons que imitavam o ruído de um bombardeiro B-29. Ao ouvir o som que estava a fazer, a minha avó veio e ralhou-me, dizendo ‘pára com esse barulho, as pessoas vão pensar que vêm aí aviões inimigos’”, descreveu ao Expresso. Tinha acabado de fechar a tampa do órgão quando surgiu um clarão de luz. O instinto ditou que seguisse o que lhe tinha sido recomendado em contexto escolar: tapar os ouvidos com os polegares e os olhos com os dedos médio e indicador. “Depois atirei-me para o chão e deitei-me”, recorda.
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