observador.pt - 29 abr. 22:03
Na luta para ultrapassar traumas e afastar fantasmas, Dembélé foi psicólogo e ghostbuster: PSG vence Arsenal em Londres
Na luta para ultrapassar traumas e afastar fantasmas, Dembélé foi psicólogo e ghostbuster: PSG vence Arsenal em Londres
O avançado marcou logo nos instantes iniciais e foi um dos melhores jogadores do PSG na vitória dos franceses em Londres, contra o Arsenal, que os deixou em vantagem na meia-final da Champions (0-1).
Era um duelo entre egos feridos, traumas e fantasmas empurrados para debaixo da cama. Arsenal e PSG, duas equipas que nunca conquistaram a Liga dos Campeões, defrontavam-se na meia-final com o objetivo de regressar à final, de voltar a tentar chegar ao topo do futebol europeu e de, principalmente, afastar de uma vez por todas a ideia de que são clubes que chegam sempre perto, mas nunca chegam a lado nenhum.
No Arsenal, a memória óbvia transportava-nos para 2005/06. Depois de afastarem Real Madrid, Juventus e Villarreal pelo caminho, os ingleses chegaram à final da Liga dos Campeões com o objetivo de se juntarem a Manchester United e Liverpool no lote de clubes de Inglaterra que, até então, tinham sido campeões europeus. Em Saint-Denis, porém, nem Thierry Henry, Fàbregas e Sol Campbell chegaram para derrotar o Barcelona de Deco, Ronaldinho e Eto’o: os catalães de Frank Rijkaard venceram os gunners de Arsène Wenger e o Arsenal não voltou a uma final da Liga dos Campeões.
Fight. Character. Energy.
Let's do this, Gunners ???? pic.twitter.com/d3LKfCrBtY
— Arsenal (@Arsenal) April 29, 2025
“Sente-se a energia, o entusiasmo. Este é um dos maiores jogos desde que o Emirates foi construído. Dadas as circunstâncias desta época e os desafios que enfrentámos, é um grande feito estarmos aqui. Estamos a fazer história, uma história bonita, mas queremos mais. Amanhã queremos mais. Como já disse aos adeptos, tragam tudo o que têm e joguemos juntos. Se queremos algo especial temos de ver algo que nunca vimos. Que todos tragam essa energia. Esta é a competição mais bonita e temos de merecer estar na final”, disse Mikel Arteta, que afastou PSV e Real Madrid, na antevisão da primeira mão da meia-final.
No PSG, a recordação mais natural levava-nos a 2019/20, a temporada que só terminou em agosto e ficou obviamente marcada pela pandemia de Covid-19. Depois de eliminarem Borussia Dortmund, Atalanta e RB Leipzig, os franceses chegaram à final da Liga dos Campeões com o intuito de validar o multimilionário projeto com o troféu europeu mais importante a nível de clubes. No Estádio da Luz, porém, nem Neymar, Mbappé e Di María chegaram para derrotar o Bayern Munique de Lewandowski, Müller e Coman: os alemães de Hansi Flick venceram os parisienses de Thomas Tuchel e o PSG não voltou a uma final da Liga dos Campeões.
Focus. ????#ARSPSG | #UCL pic.twitter.com/zi5l0aefX1
— Paris Saint-Germain (@PSG_inside) April 29, 2025
“Somos ambiciosos e queremos fazer história. O objetivo é alcançar o que outros antes de nós não conseguiram. Vejo que a equipa está cheia de confiança. Há momentos em que não nos apresentamos de forma brilhante, mas isso é normal. Sei que as pessoas em Paris não exigem necessariamente uma vitória amanhã, mas querem ver um bom jogo”, explicou Luis Enrique, que eliminou Brest, Liverpool e Aston Villa, na antecâmara da partida.
Assim, depois de já se terem encontrado na fase de liga da Liga dos Campeões e a vitória a cair para os ingleses, Arsenal e PSG cruzavam-se novamente esta terça-feira no Emirates. Mikel Arteta lançava Saka, Trossard e Gabriel Martinelli no ataque, com Mikel Merino a ser titular mas no meio-campo, enquanto que Luis Enrique tinha Nuno Mendes, Vitinha e João Neves no onze inicial, com Doué e Kvaratskhelia no apoio a Dembélé.
Dembélé colocou gelo no Emirates ao quarto minuto ????#sporttvportugal #CHAMPIONSnaSPORTTV #ChampionsLeague #Arsenal #PSG #ESCUCL pic.twitter.com/fzLjHWx6TX
— sport tv (@sporttvportugal) April 29, 2025
O PSG entrou no jogo praticamente a ganhar: Dembélé conduziu sem oposição pelo corredor central, abriu na esquerda em Kvaratskhelia e voltou a receber para atirar de primeira, cruzado, para bater David Raya e abrir o marcador (4′). Os franceses dominaram durante os 20 minutos iniciais, sem que o Arsenal tivesse qualquer possibilidade de chegar sequer perto da baliza de Donnarumma, e Odegaard demorou quase meia-hora a ter a bola de forma controlada para poder desequilibrar.
Os ingleses conseguiram recuperar algum equilíbrio a dada altura, com maior presença no meio-campo contrário e outra capacidade para ganhar duelos individuais, mas as ocasiões de perigo continuavam a pertencer por inteiro ao PSG e Doué poderia ter aumentado a vantagem com um remate que Raya defendeu (31′). O Arsenal criou a melhor oportunidade da primeira parte já perto dos descontos, num lance em que Gabriel Martinelli apareceu em velocidade na área e atirou cruzado para uma boa intervenção de Donnarumma (40′), mas os franceses foram mesmo para o intervalo a ganhar pela margem mínima.
Raya em grande estilo ⚡#sporttvportugal #CHAMPIONSnaSPORTTV #ChampionsLeague #Arsenal #PSG pic.twitter.com/wrc9tCb6FL
— sport tv (@sporttvportugal) April 29, 2025
Nenhum dos treinadores mexeu ao intervalo e a segunda parte começou como tinha começado com a primeira: com um golo. Mikel Merino bateu Donnarumma de cabeça depois de um livre cobrado na esquerda (46′), mas o lance foi anulado por fora de jogo do espanhol após recurso ao VAR e o Arsenal continuou a perder com o PSG. Os ingleses estavam por cima, claramente a correr atrás do resultado e da eliminatória, e Donnarumma voltou a ser instrumental ao defender um remate de Trossard com uma enorme intervenção (56′).
Luis Enrique foi o primeiro a mexer, trocando um desgastadíssimo Dembélé por Bradley Barcola antes de também lançar Gonçalo Ramos no lugar de Doué. Mikel Arteta respondeu com Ben White, que rendeu Timber, e o jogo foi decorrendo sem grandes sobressaltos e com o PSG a conseguir controlar as raras investidas do Arsenal, que não conseguia aproximar-se da baliza de Donnarumma com muita frequência, e a ter capacidade para criar perigo em situações de transição rápida.
Até ao fim, Barcola ainda teve uma enorme oportunidade para aumentar a vantagem, ao aparecer isolado na área a rematar cruzado e ao lado (84′), e Gonçalo Ramos acertou na trave quando só tinha David Raya pela frente (85′), mas já nada mudou. O PSG venceu o Arsenal no Emirates e parte para a segunda mão da meia-final da Liga dos Campeões, no Parque dos Príncipes, em vantagem — e muito porque Dembélé decidiu ser psicólogo para ultrapassar traumas e ghostbuster para afastar fantasmas.
La première manche est à nous ! ????
Rendez-vous mercredi au Parc ❤️????#ARSPSG (0-1) | #UCL pic.twitter.com/NuH6cVGtkc— Paris Saint-Germain (@PSG_inside) April 29, 2025