pplware.sapo.pt - 29 abr. 14:00
Frequência da Rede Elétrica Europeia: estabilidade, ameaças e possível manipulação
Frequência da Rede Elétrica Europeia: estabilidade, ameaças e possível manipulação
Frequência da Rede Elétrica Europeia: estabilidade, ameaças e a probabilidade, assim como possibilidade de ataque aos sistemas empregues.
A frequência da rede elétrica é um dos elementos mais críticos para garantir o funcionamento est��vel e seguro da infraestrutura energética europeia. Mantida a 50 Hz, qualquer desvio significativo pode provocar desde falhas pontuais até apagões generalizados. Mas será possível manipular intencionalmente esta frequência na rede elétrica? E de que forma?
Manter a frequência elétrica nos 50 HzEste não é um problema novo. Recuando a 2018, uma falha da rede elétrica no Kosovo criou perturbações na distribuição de energia em 25 países. Este problema leva, entre outras coisas, a que os relógios ligados à eletricidade se atrasem.
O problema torna-se maior quando há perturbações, oscilações na rede sincronizada. Isto é, estamos a falar de uma ampla rede de abastecimento elétrico que cobre diferentes países ou regiões e que opera através de uma frequência sincronizada.
Na Europa Continental, a frequência funciona sincronizada nos 50 Hz (como pode ver numa qualquer descrição de um eletrodoméstico ou de uma tomada que vá comprar).
Na maioria dos países da América, inclusive Brasil e EUA, a frequência da rede elétrica é de 60 Hz. Na Europa, inclusive em Portugal, é usada a frequência de 50 Hz. Basta haver uma pequena oscilação, como aconteceu em janeiro de 2018, na ordem dos 49.996 Hz, para ter sido o suficiente na causa de perturbações.

A frequência normal da rede elétrica europeia é de 50 Hz. Para garantir que a frequência se mantém sempre a um nível estável, o equilíbrio entre a produção e o consumo de energia elétrica tem de estar sempre correto.
A importância e vulnerabilidade da frequência elétricaA frequência de 50 Hz é o batimento cardíaco do sistema elétrico europeu. Esta oscilação regular da corrente alternada garante que todos os dispositivos elétricos — desde uma lâmpada a uma linha ferroviária — funcionem corretamente. Para tal, a produção e o consumo de eletricidade devem estar em equilíbrio quase perfeito.
A frequência é constantemente monitorizada pelos operadores nacionais e pelo sistema interligado europeu (ENTSO-E). Variações fora dos limites de segurança (geralmente entre 49,8 Hz e 50,2 Hz) podem ativar mecanismos de proteção automática, causando cortes de energia preventivos ou falhas em cadeia.
Veja aqui em tempo real a frequência da rede elétrica da Europa.
Formas de interferência intencionalEmbora extremamente difícil, a manipulação da frequência da rede é teoricamente possível e envolve três grandes vias:
1. Manipulação da produçãoAtravés do controlo sobre centrais elétricas ou sistemas de armazenamento de energia, um atacante poderia:
- aumentar abruptamente a produção → sobe a frequência
- cortar a produção em massa → desce a frequência
A rede elétrica depende fortemente de sistemas digitais (SCADA e PLCs). Um ciberataque bem coordenado pode:
- desligar centrais ou subestações
- enviar comandos errados aos sistemas de controlo
- causar oscilações ou colapsos localizados
Mais complexo, mas possível:
- grandes consumidores industriais podem ser manipulados
- dispositivos IoT (casa inteligente) ou veículos elétricos, se integrados numa botnet, podem criar picos de consumo ou quedas sincronizadas
A frequência elétrica europeia é uma peça-chave da estabilidade energética e, apesar das salvaguardas existentes, não está imune a falhas ou manipulações.
Georg Zachmann, membro sénior do Bruegel, um thinktank de Bruxelas, disse que o sistema tinha sofrido “desligamentos em cascata de centrais eléctricas” - incluindo uma em França - quando a frequência da rede caiu abaixo da norma europeia de 50Hz.
Com o aumento da digitalização e da interligação, proteger esta frequência tornou-se não só um desafio técnico, mas também uma prioridade estratégica. A vigilância, a cibersegurança e a redundância operacional são hoje mais importantes do que nunca para evitar consequências graves no quotidiano europeu.