observador.ptobservador.pt - 30 abr. 01:09

Apagão. Duas mil consultas e 100 cirurgias não urgentes foram adiadas na ULS de São João, no Porto

Apagão. Duas mil consultas e 100 cirurgias não urgentes foram adiadas na ULS de São João, no Porto

Duas mil consultas, cem cirurgias não urgentes e igual número de tratamentos de hospital de dia foram adiados na ULS S.João devido ao apagão. Reagendamento pode levar "dias e eventualmente semanas".

Num “dia intenso com momentos de preocupação”, o hospital S. João do Porto provou que está pronto para situações de crise, congratula-se a presidente do Conselho de Administração da respetiva Unidade Local de Saúde (ULS). Durante o corte de eletricidade que afetou o país na segunda-feira demonstrou “que as equipas funcionam de forma articulada, estão empenhadas e são capazes de fazer face às crises de uma forma estrategicamente organizada e eficiente”, garante Maria João Batista ao Observador.

Ainda assim, não foi possível realizar todas as consultas, tratamentos e cirurgias previstas, para poupar a energia criada pelos geradores. “Foram adiadas cerca de cem cirurgias que não eram urgentes e que correspondem a um terço da atividade cirúrgica que nós temos nesta unidade hospitalar”, concretiza a médica. Por outro lado, foi necessário “adiar cerca de cem tratamentos de hospital de dia, incluindo doentes com patologia oncológica, que correspondem também a um terço dos tratamentos que se fazem  diariamente nesta instituição”, continua. “Em relação às consultas, entre os cuidados hospitalares e os cuidados de saúde primários, as unidades de saúde familiar, os centros de saúde, tivemos de cancelar cerca de duas mil consultas, o que correspondeu aproximadamente a metade das consultas que fazemos nesta unidade diariamente”, enumera.

No entanto, “apesar da situação que se vivia, todos os doentes oncológicos que tinham de fazer o tratamento naquele dia, fizeram-no, tal como os que necessitavam de transfusões e para as quais já tínhamos tudo preparado”.

Mesmo já com eletricidade reposta, o hospital optou por manter o plano de contingência, mas em escala menor, até a manhã desta terça-feira. “Tínhamos receio que houvesse ainda alguns problemas no início do dia, nomeadamente com os sistemas informáticos, por causa da variação da energia. Tínhamos alguma preocupação porque há vários equipamentos, como os de ressonância ou os aparelhos de radioterapia, que são pesados e que com esta instabilidade elétrica podiam eventualmente ter algum problema a começar a funcionar”, detalha ao Observador.

O plano de contingência foi levantado já ao final da manhã, altura em que a ULS começou a “funcionar em plenitude”. Maria João Batista admite, contudo, que os cuidados continuam redobrados. “Estamos com uma situação de cautela e de segurança em relação a tudo o que é abastecimento de água e energia elétrica. Estamos a garantir que, se houver um novo apagão, se houver algum problema com a energia, temos mais tempo de combustível e de água. Ainda estamos em estado de alerta, mas a resposta está perfeitamente mantida”, conclui.

As várias consultas, cirurgias e exames adiados começaram também já, esta terça-feira, a ser reagendados. Todavia, é um processo que se pode estender ao longo desta semana e até à próxima. “Temos de agir de acordo com a premência de cada uma das situações. Nas que tinham que ser já resolvidas hoje [esta terça-feira], como tratamentos do hospital de dia, por exemplo, os doentes já foram contactados e estão a fazer os seus tratamentos. Consultas e de cirurgias que não tenham de ser feitas imediatamente vão ser realizadas nos próximos dias, eventualmente semanas, mas, repito, de acordo também com a gravidade da situação e com a necessidade de sermos mais ou menos céleres”, sublinha.

A ULS São João, como várias outras unidades de saúde, funcionou através de geradores. Ainda que a “autonomia” do hospital estivesse “dependente do combustível”, a presidente do conselho de administração do São João garante que estavam prontos caso o apagão se tivesse estendido mais um dia. “Os geradores que nós temos permitem que mantenhamos a atividade durante várias horas. A nossa capacidade de os mantermos funcionais depende da capacidade que existe na sociedade de nos fazer chegar combustível. Nós tivemos a Proteção Civil que o trouxe e, portanto, antes mesmo de termos a restauração da luz, tínhamos combustível suficiente para nos mantermos até hoje em atividade”, refere. Caso o cenário se mantivesse por um período mais longo e “transversal em todo o país e deixasse de ser possível o combustível chegar aos sítios necessários”,  Portugal chegaria a uma “situação de catástrofe”, sublinha.

Desde o primeiro momento sem eletricidade na ULS São João houve com “efeito imediato várias reuniões com o gabinete de crise” do hospital. A partir daí, e sempre com “várias reuniões ao longo do dia com uma periodicidade bastante curta” os profissionais de saúde foram gerindo as áreas e receberam “instruções para as formas de responder aos doentes e as decisões a tomar”.

Mesmo com uma reação positiva à crise desta segunda-feira, a presidente do Conselho de Administração da ULS São João salienta que o apagão serve de “reflexão” de modo a que os planos de contingência para várias situações possam ser aperfeiçoados. “Há vários aspetos que estão a ser neste momento trabalhados porque pretendemos estar melhor preparados para o que possa voltar a acontecer”, remata.

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