observador.ptobservador.pt - 30 abr. 01:14

Apagão: GEOTA exige reforço da eficiência energética em Portugal

Apagão: GEOTA exige reforço da eficiência energética em Portugal

Grupo ambientalista reivindica uma maior aposta na eficiência energética, e na produção de energia renovável descentralizada em autoconsumo e comunidades de energia.

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O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) exigiu um reforço da eficiência energética em Portugal e uma produção descentralizada de energias renováveis, para uma maior resiliência do abastecimento de eletricidade e evitar apagões.

O GEOTA reconhece, em comunicado, que a análise rigorosa das causas do apagão’de segunda-feira pode demorar, mas defende que “urge esclarecer rapidamente a população”, salientando que o sistema elétrico ibérico já operou inúmeras vezes com percentagens elevadas de energias renováveis sem qualquer constrangimento.

Para o grupo ambientalista, a importação-exportação de eletricidade entre Portugal e Espanha é um processo permanente com benefícios para ambas as partes, mas Portugal “continua a ter capacidade de produção nas centrais termoelétricas a gás natural e em centrais hidroelétricas de albufeira, que lhe permite ser autossuficiente”.

“A importação dentro do mercado ibérico dá-se por motivos meramente económicos, sendo que, no dia 28 [segunda-feira], durante algumas horas Portugal estaria a ser pago para consumir eletricidade de Espanha. Ao contrário do que algumas vozes vêm a defender, a solução não é nem a reabertura das centrais a carvão (na prática substituídas pelas centrais a gás) nem a energia nuclear (extremamente cara, de construção demorada, com riscos conhecidos, pouco resiliente face a perturbações, e perpetuadora do modelo de rede assente em mega centrais)”, argumenta.

Em alternativa, o GEOTA destaca “soluções que reúnem grande consenso entre especialistas”, como sejam reduzir significativamente as necessidades através da eficiência energética, promoção da flexibilidade da produção e consumo como parte de uma moderna rede inteligente, aumento de forma racional da capacidade de armazenamento através de baterias, modernização das redes de transporte e melhoria dos sistemas de alerta e de resposta para estabilização da rede.

“Reconhece-se a necessidade de manter operacionais as centrais de ciclo combinado a gás natural, com utilização decrescente, mas ainda relevantes para o equilíbrio do sistema. Esta mudança de paradigma do sistema elétrico obriga a uma reestruturação do funcionamento do mercado de eletricidade”, considera o grupo.

Neste contexto, o GEOTA reivindica uma maior aposta na eficiência energética, e na produção de energia renovável descentralizada em autoconsumo e comunidades de energia.

O GEOTA avisa que “no modelo atual, a grande maioria dos sistemas fotovoltaicos estão acoplados à rede elétrica e desligam-se em caso de ‘apagão'”, recomendando que “se pondere a instalação de energia solar com capacidade para operar desconectada da rede elétrica em algumas localizações críticas, para resposta a estes eventos muito raros, mesmo que tal comporte custos superiores”.

Por último considera que “é fundamental agora esclarecer, quer as causas do apagão, quer a demora na reposição do serviço, para reduzir os riscos de eventos semelhantes no futuro”.

O GEOTA manifestou também preocupação sobre a rapidez com que as comunicações e outros sistemas críticos falharam, a impreparação da população para eventos deste tipo e a aparente existência de apenas duas centrais elétricas capazes de iniciar o ‘black-start’ (restauro do fornecimento a partir de uma paragem completa), mas, mesmo assim, louva o trabalho dos operadores das redes elétricas e das autoridades de proteção civil na resolução da crise.

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