observador.ptobservador.pt - 30 abr. 02:31

Técnica de geoengenharia pode arrefecer o planeta com aviões, diz estudo

Técnica de geoengenharia pode arrefecer o planeta com aviões, diz estudo

Injeção de partículas à atmosfera para refletir a luz solar a 13 km acima das regiões polares poderia arrefecer significativamente o planeta. Aviões Boeing 777F poderiam atingir esta altitude.

Uma técnica para arrefecer o planeta, que envolve a adição de partículas à atmosfera para refletir a luz solar, pode ser alcançada utilizando grandes aeronaves existentes.

Neste caso, o desenvolvimento de novas aeronaves de alta altitude não seria necessário, de acordo com um novo estudo de modelação liderado por investigadores da UCL (University College London), noticiou na terça-feira a agência Europa Press.

Anteriormente, a maioria das investigações presumia que a técnica, conhecida como injeção de aerossol estratosférico, seria implementada nos trópicos, exigindo aeronaves especialmente concebidas, capazes de voar a altitudes de 20 quilómetros ou mais para injetar as partículas.

No novo estudo, publicado na revista Earth’s Future, os cientistas simularam diferentes estratégias de injeção de aerossóis e concluíram que a adição de partículas a 13 km acima das regiões polares poderia arrefecer significativamente o planeta, embora com muito menos eficácia do que a altitudes mais elevadas perto do equador. Aeronaves comerciais como o Boeing 777F poderiam atingir esta altitude.

O autor principal, Alistair Duffey, doutorando no Departamento de Ciências da Terra da UCL, sublinhou, citado em comunicado, que “a geoengenharia solar traz sérios riscos, e é necessária muito mais investigação para compreender os seus impactos”.

“No entanto, o nosso estudo sugere que arrefecer o planeta com esta intervenção específica é mais fácil do que pensávamos. Isto tem implicações na rapidez com que a injeção de aerossóis estratosféricos pode ser iniciada e por quem”, frisou.

Esta estratégia polar de baixa altitude tem as suas desvantagens. A esta altitude mais baixa, a injeção de aerossol na estratosfera tem uma eficácia de aproximadamente um terço. Isto significa que seria necessário utilizar três vezes a quantidade de aerossol para ter o mesmo efeito na temperatura global, o que aumentaria os efeitos secundários, como a chuva ácida. A estratégia seria também menos eficaz no arrefecimento dos trópicos, onde a vulnerabilidade direta ao aquecimento é maior.

“No entanto, as alterações climáticas são um problema sério, e é vital compreender todas as nossas opções para que os decisores políticos tenham as provas necessárias para tomar decisões informadas”, apontou.

Os investigadores realizaram simulações utilizando o Modelo 1 do Sistema Terrestre do Reino Unido (UKESM1), um modelo climático computacional, para estimar o impacto da injeção de aerossóis estratosféricos. Ao adicionar dióxido de enxofre — que, posteriormente, forma pequenas partículas refletoras — a diferentes altitudes, latitudes e estações, conseguiram quantificar a eficácia de diferentes estratégias de aplicação.

Cientistas alegaram que a injeção de aerossóis estratosféricos a baixa altitude só funcionaria se fosse realizada perto das regiões polares da Terra. Para serem eficazes, as partículas devem ser criadas na estratosfera, uma camada da atmosfera acima do topo da maioria das nuvens, e esta camada é a que está mais próxima do solo, mais próxima dos polos.

Na troposfera — a camada mais baixa da atmosfera — as partículas de aerossol desapareceriam rapidamente, pois seriam capturadas pelas nuvens e dispersadas pela chuva.

No entanto, a estratosfera é seca, estável e livre de nuvens, o que significa que as partículas adicionadas permaneceriam na atmosfera durante meses ou mesmo anos.

Os investigadores estimaram que a injeção de 12 milhões de toneladas métricas de dióxido de enxofre por ano a 13 km durante a primavera e o verão locais em cada hemisfério arrefeceria o planeta em cerca de 0,6°C.

Esta quantidade é aproximadamente a mesma que foi adicionada à atmosfera pela erupção do Monte Pinatubo em 1991, que também produziu uma descida observável das temperaturas globais.

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