rr.pt - 18 jun. 14:37
ONU diz que movimento humanitário enfrenta "maior teste de sempre" num mundo em chamas
ONU diz que movimento humanitário enfrenta "maior teste de sempre" num mundo em chamas
De acordo com as estimativas da ONU publicadas há seis meses no "panorama humanitário global" para 2025, 305 milhões de pessoas em todo o mundo necessitariam de assistência humanitária este ano. O valor terá, entretanto, aumentado.
O chefe das operações humanitárias da ONU avisou esta quarta-feira que "o movimento humanitário está a enfrentar o seu maior teste", num "mundo em chamas", e reiterou o apelo a um maior financiamento para que se possa salvar mais vidas.
Quando as necessidades estão ao mais alto nível, o financiamento está a diminuir", afirmou o subsecretário-geral da organização para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, Tom Fletcher, às delegações dos Estados-membros da ONU no Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), reunido em Genebra, Suíça.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui.
"Enquanto falamos, o Médio Oriente está à beira de uma guerra em grande escala, as pessoas em Gaza estão a morrer de fome enquanto a comida que vocês forneceram apodrece em postos fronteiriços, as raparigas no Afeganistão estão banidas das escolas, as mulheres no Sudão sofrem horrores e os seus corpos são transformados em campos de batalha", apontou.
Fletcher apontou ainda que "gangs aterrorizam famílias no Haiti, trabalhadores humanitários são detidos no Iémen, pessoas são mortas e esquecidas no Sahel, e, como se não bastasse tudo isto, estamos também em guerra com o nosso planeta, causando uma crise climática que vai provocar mais necessidades humanitárias nos próximos anos do que qualquer outro fator hoje aqui discutido".
"O movimento humanitário está a enfrentar o seu maior teste desde que há um sistema baseado em regras e não é só uma crise de financiamento, é também uma crise de moral e legitimidade", disse, deplorando que se assista atualmente a um "momento de divisão, de egoísmo e de polarização" que leva a que "a solidariedade global esteja a recuar".
O chefe da missão humanitária da ONU lamentou que já tenha sido necessário novamente, esta semana, estabelecer novas prioridades "apenas seis meses depois de aqui ter lançado o «panorama humanitário global»", que obriga a escolhas difíceis dada a escassez de recursos financeiros.
"Ficamos com a equação mais cruel, que é a de tomar literalmente decisões de vida e morte, sobre quem salvar", disse.
De acordo com as estimativas da ONU publicadas há seis meses no "panorama humanitário global" para 2025, 305 milhões de pessoas em todo o mundo necessitariam de assistência humanitária este ano.
O apelo para fundos num montante global de 47 mil milhões de dólares (cerca de 44,6 mil milhões de euros) era feito já com base em "planos de resposta cuidadosamente priorizados", e que visam prestar ajuda crucial a 190 milhões de pessoas em 32 países e nove regiões de acolhimento de refugiados.
Tom Fletcher, nomeado em outubro do ano passado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para chefiar os Assuntos Humanitários e Coordenação da Ajuda de Emergência da ONU, lançou então um apelo às delegações nacionais presentes, no sentido de os Estados-membros inverterem a atual tendência de cortes no financiamento.
"Vamos salvar tantas vidas quanto pudermos com os recursos que vocês nos dão. E tudo o que pedimos -- e por favor, tomem nota e transmitam aos vossos ministros e líderes -- é o equivalente a 1% dos que vocês gastaram a nível mundial em despesa em Defesa no ano passado", declarou.