rr.ptrr.pt - 18 jun. 16:35

D. José Ornelas: "É tempo de o Governo português dizer que é intolerável o que está a acontecer" no Médio Oriente

D. José Ornelas: "É tempo de o Governo português dizer que é intolerável o que está a acontecer" no Médio Oriente

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) exorta o Governo português a condenar o comportamento de Israel na Faixa de Gaza e a mais recente intervenção no Irão. D. José Ornelas afirmou que “não é compreensível que se dispare sobre gente faminta”.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) exorta o Governo português a condenar o comportamento de Israel na Faixa de Gaza e a mais recente intervenção no Irão.

Em declarações no final das Jornadas Pastorais da CEP, que em Fátima discutiu o processo sinodal, D. José Ornelas afirmou que “não é compreensível que se dispare sobre gente faminta”. O presidente da CEP entende ser tempo de o Governo português, “em nome da decência e do futuro”, dizer que “não se pode tolerar estas coisas”.

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O também bispo de Leiria-Fátima diz que “vivemos de facto momentos perigosos para todos” e considera que “não nos podemos habituar a isto, não podemos tolerar coisas deste nível, nem que seja só através do discurso”. Porque “não é compreensível que se dispare sobre gente faminta que vem à procura de alimentos”. “Isto é uma aberração em termos humanos, em termos políticos e em termos de construção de futuro. Isto não pode ser e devemos dizê-lo com toda a clareza”, sublinha.

Questionado pela Renascença, o também bispo de Leria-Fátima acusou Israel de “manipulação” e referiu estarmos a “viver momentos perigosos”, que “não se podem tolerar”.

D. José Ornelas entende que o direito à defesa não pode “pôr em causa a existência de outros”, e acusa as Nações de não serem claras na condenação do que está a acontecer. “Sob o manto dessa defesa, pôr em causa a existência de outros e aquilo que está acontecendo no terreno, o que acontece agora (intervenção no Irão), não é mais grave do que aquilo que tem acontecido até aqui”, refere.

“E as nações com os seus discursos não estão a fazer o suficiente, pois é preciso dizer que não pode ser e tomar medidas concretas contra quem haja deste modo. Isto não pode ser, o que está acontecendo em Gaza, o alargamento ao próprio Irão de toda esta questão só é compreensível na lógica de alguns discursos, mas não há dúvida que isto é uma manipulação muito clara para substituir outras agendas e isso não pode ser”, acrescenta.

O bispo aplaude o Papa Leão XIV quando defende a ideia de que não nos podemos habituar à guerra, porque “tem de haver decência, tem de haver um mínimo de justiça e tem de haver um mínimo de humanização também nestes processos”.

Noutro plano, no início de uma nova legislatura, o presidente da CEP insta o Governo português e os partidos da oposição a entendimentos para que não andemos sempre em eleições que dão voz aos “manipuladores e populismos”.

“É importante é que haja um Governo que governe. E depois, devemos recordar que a nobre missão da política é realmente procurar convergências e procurar entendimentos que vão para além do imediato de uma preocupação eleitoral para se construir um futuro melhor. Não se pode andar simplesmente de eleição em eleição, cada vez mais próximas umas das outras. Temos de encontrar convergências de bases fundamentais, sem as quais não vamos funcionar e vamos, sim, dar voz aos manipuladores e aos populismos que se valem disto, que dizem hoje uma coisa e amanhã dizem outra, mas que nunca apresentam um projeto definido para nada”, sublinha.

CEP assume necessidade de renovação e envolvimento das comunidades no processo sinodal

As Jornadas Episcopais, em Fátima, discutiram também o processo Sinodal. Foi reforçada a ideia de que é preciso assumir a necessidade de renovação e de envolvimento de todas as comunidades neste processo.

A CEP encerrou esta quarta-feira, em Fátima, as suas Jornadas Pastorais, dedicadas ao processo sinodal em curso na Igreja Católica, assumindo a necessidade de chegar a todas as comunidades. Em declarações no final dos trabalhos, o bispo de Leiria-Fátima lembrou que “a primeira constatação que sai também deste encontro é que há muita coisa a mexer por esta Igreja fora, não só em Portugal, mas no mundo” e que é preciso “fazer com que isto passe à ação”, para que se sinta que “as pessoas que se juntam em Igreja, fazem um caminho novo, onde se escuta os espíritos críticos e desafiadores, e se aceitam também as sugestões e reparos que vêm de fora”. “Isso é fundamental para nós, porque s não ficamos aqui simplesmente contentinhos a fazer discursos, e as coisas não avançam”, reforça.

“Aqui há sugestões concretas, e nesta fase, dirigidas à Igreja no seu conjunto, aqui em Portugal, onde as pessoas que viveram intensamente este projeto lançado pelo Papa Francisco, que se animaram e vão desanimar se isto ficar como estava”, alerta.

As conclusões das Jornadas Pastorais do Episcopado 2025 que tiveram como tema “O processo sinodal nas Dioceses e na Conferência Episcopal Portuguesa”, referem que se “constituíram um tempo fecundo de escuta, partilha e discernimento comum sobre o caminho sinodal que a Igreja em Portugal tem vindo a trilhar”. “Mais do que um encontro de balanço, estas jornadas procuraram ser um verdadeiro exercício de sinodalidade, onde cada voz, a partir do seu batismo, foi chamada a contribuir para a construção de uma Igreja que caminha junta, em permanente conversão e aberta ao Espírito”, refere o comunicado da CEP.

O segundo momento das jornadas foi dedicado à reflexão sobre a implementação do processo sinodal nas dioceses, e constatou-se “com alegria que todas as dioceses estão envolvidas no caminho sinodal, com ritmos e metodologias próprias, mas unidas por uma vontade comum de conversão pastoral”.

Ainda assim, os grupos também “assinalaram várias dificuldades: resistências culturais, falta de tempo e de meios, dificuldades de comunicação e cansaço institucional. E sublinhou-se a importância de não reduzir a sinodalidade a um evento, mas de a integrar como cultura permanente”. “Notou-se a necessidade de se envolver mais efetivamente os jovens, os mais afastados e aqueles que estão à margem das estruturas eclesiais. Apelou-se ao reforço da sinodalidade nos seminários, nos itinerários catequéticos e nas estruturas de governo pastoral. A sinodalidade, disseram vários participantes, só será verdadeira se passar das palavras aos gestos concretos de escuta, participação e decisão partilhada”, acrescenta o documento.

A nota da CEP sublinha que “estas Jornadas não se encerraram com conclusões definitivas, mas com um horizonte de esperança e de compromisso renovado”. “A sinodalidade – que no dizer do Papa Leão XIV se “deve tornar mentalidade, no coração, nos processos de decisão e nos modos de agir” – está viva em Portugal, em processo e em construção. Estamos a aprender a caminhar juntos, a escutar com mais profundidade, a discernir com o coração e a decidir com humildade”, sublinha o texto final.

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