publico.pt - 18 jun. 17:00
O Meo Kalorama, agora às portas do Verão, recebe Pet Shop Boys, Father John Misty e FKA Twigs
O Meo Kalorama, agora às portas do Verão, recebe Pet Shop Boys, Father John Misty e FKA Twigs
Depois de três edições no fecho da época dos festivais de Verão, o Meo Kalorama estreia-se em novas datas. Pelo Parque da Bela Vista passarão também Flaming Lips, Scissor Sisters ou Róisín Murphy.
Será a quarta edição do Meo Kalorama, mas será, de certa forma, a primeira edição do resto da vida do festival. Depois de três anos a fechar a temporada entre o final de Agosto e o início de Setembro, o festival realizado no Parque da Bela Vista, em Lisboa, migra para meados de Junho. Começa esta quinta-feira, dia 19, e prolonga-se até dia 21. Pet Shop Boys, Flaming Lips e Father John Misty, no arranque, FKA Twigs, Scissor Sisters e Róisín Murphy, sexta-feira, e Damiano David, Jorja Smith e BadBadNotGood, sábado, são alguns dos destaques.
Em Janeiro deste ano foi oficializada a mudança de datas, aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa, com uma dupla justificação por parte da organização: a maior dificuldade em contratar bandas e artistas para o final de Agosto, o que se poderia reflectir na atractividade do cartaz, a que se juntava o facto de essas datas coincidirem com o período de férias por excelência em Portugal, o que teria impacto na frequência do festival por parte do público nacional. Mudança confirmada, eis então o Meo Kalorama 2025 prestes a começar, fiel à sua identidade enquanto festival que, depois de um arranque em que o coração da programação se fazia do rock e da pop mais alinhadas com a sua vertente independente, do passado e do presente, se expandiu de forma a reflectir a diversificada paisagem musical contemporânea.
O ano passado houve Massive Attack, LCD Soundsystem, dEUS ou The Kills, mas também Sam Smith, Burna Boy, Raye ou Yves Tumor. Este ano, mantém-se essa lógica de programação, ainda que sem os nomes agregadores de massas de edições anteriores, como Nick Cave & The Bad Seeds, Arctic Monkeys, Blur, Florence + The Machine ou Arcade Fire, reflexo, porventura, de um problema enfrentado pelos festivais em anos recentes e a que Diogo Marques, director do Meo Kalorama, se referia recentemente, entrevistado no Posto Emissor da Blitz: “os headliners de hoje são os mesmos de há 20 anos, aqueles que puxam as pessoas e as levam em massa a determinado sítio”. Ainda assim, não faltarão, naturalmente, motivos de interesse e concertos muito aguardados. O primeiro dia é, nesse sentido, particularmente recheado.
Marcos geracionaisNo topo de cartaz, no palco Meo, os mestres da synth-pop Pet Shop Boys (22h45), que apresentam em Portugal a sua digressão de celebração de carreira, Dreamworld: The Greatest Hits Live. Iniciada em 2022, passou pelo Primavera Sound Porto no ano seguinte e, dois anos depois, continua na estrada. Depois deles, em horário bem adequado a uma aguardada viagem cartoonesca-sci-fi-existencialista, chega outra celebração, neste caso protagonizada pelos Flaming Lips. Depois da reedição comemorativa dos 20 anos de Yoshimi Battles the Pink Robots, em 2022, levam a palco um dos álbuns mais marcantes da sua carreira, marco geracional da primeira década do século. Antes deles, o reencontro com o cantautor desalinhado de uma América em colapso, o bom sacana de voz poderosa Josh Tillman, ou seja, o homem que assina Father John Misty.
Num dia que contará, no palco San Miguel, com a carga dramática dessa figura de culto forjada nos muitos concertos que já deu por cá chamada Sevdaliza (21h40, palco San Miguel), mas também com o groove para bola de espelhos dos francess L’Impératrice (0h25) ou com a voz de resistência e contestação dos Cara de Espelho (19h30), Father John Misty traz ao Kalorama, a partir das 20h35, o seu álbum mais recente, Mahashmashana, um dos destaques discográficos de 2024.
Sexta-feira, atenção divididas entre FKA Twigs (2h, palco Meo), a cantora britânica de pop electrónica alienígena que lançou em Janeiro o seu terceiro álbum, Eusexua, criado sob o efeito da Madonna devota da pista de dança e do aventureirismo de Björk, e o festim que antecipamos vir a ser o concerto dos Scissor Sisters (23h50, palco Meo), regressados depois de mais de uma década de ausência para celebrar os 20 anos do muito nu-disco, gloriosamente queer, álbum homónimo de estreia. Isto sem esquecer a única repetente em cartaz, Róisín Murphy, de regresso após o concerto de 2022 (0h55, palco San Miguel), ou a electrónica em verve hip hop de Azealia Banks (21h40, palco Meo). Destaque, noutro espectro sonoro, para a rave-punk dos Maquina., uma das mais excitantes bandas portuguesas da actualidade (18h40, palco San Miguel), para a elegância melancólica dos Best Youth (19h30, palco Meo) e para a tensão pós-punk dos americanos Model/Actriz, coração sempre a ameaçar saltar boca fora, que editaram recentemente o seu segundo álbum, Pirouette (20h35, palco San Miguel).
Com a acção distribuída, como habitualmente, por três palcos (além do Meo e do San Miguel, há ainda o Panorama Lisboa, dedicado ao clubbing e por onde passarão, quinta-feira, os 2 Many Djs, e sexta, Kelly Lee Owens, entre outros), o Meo Kalorama despede-se no sábado com actuações de Damiano David, vocalista dos italianos Måneskin, agora a solo (1h55, palco Meo), da britânica Jorja Smith (23h25, palco Meo), de Branko (0h40, palco San Miguel) e dos canadianos BadBadNotGood (19h55, palco San Miguel).
Os bilhetes para o Kalorama, festival “cashless” (não são aceites pagamentos em dinheiro, apenas por cartão ou MBway), custam 55€ (bilhetes diários) e 105€ (passes de três dias), estando ainda disponível um “pack friends”, que permite adquirir seis passes gerais pelo preço de cinco.