Joana Andrade - 18 jun. 16:44
Portugal, o País seguro e pacífico que, infelizmente, está a mudar
Portugal, o País seguro e pacífico que, infelizmente, está a mudar
Pior, o facto de já encararmos esses discursos de ódio com alguma incompreensível naturalidade, implica uma reflexão profunda sobre a mudança que ocorre na nossa sociedade e os caminhos a trilhar para nos mantermos um País livre e seguro, onde todos tenham espaço.
O nosso País sempre teve como mais valia a segurança para quem procura o sossego de uma vida tranquila, distante do risco de confrontos e de sobressaltos que provoquem ansiedade ou receio de sair à rua.
Somos conhecidos como um povo sereno e hospitaleiro, e ninguém duvide que para além da beleza do nosso País, a forma como somos conhecidos lá fora é também um fator de atração para quem nos visita ou escolhe para viver.
A falta de controlo da imigração trouxe-nos uma nova realidade que implica mais meios de segurança e, por vezes, gera alguma insegurança. Mas não são apenas os imigrantes os responsáveis pela insegurança que tem vindo aumentar.
É indiscutível que a realidade está a mudar e essa deve ser a nossa principal preocupação. O discurso de ódio que se tem tornado vulgar, incita à intolerância e consequentemente à violência.
De nada adianta dizer-se que estes fenómenos estão a ocorrer em toda a Europa, pois, nós não temos que ser diferentes dos outros apenas no baixo nível salarial que cá é praticado, também nos podemos e devemos diferenciar positivamente pela segurança, hospitalidade e respeito por todos, independentemente da sua proveniência, cor de pele, ideologia política ou religião.
Vem isto a propósito dos vários incidentes que têm ocorrido e do risco da grande maioria dos Portugueses permitir que uma pequeníssima minoria cause ruído e qualquer tipo de instabilidade, isto não pode suceder e provavelmente está na altura de darmos esse sinal. Condenando todo e qualquer discurso de ódio, bem como acções de violência, sem medos!
Ainda estes dias ocorreram dois episódios lamentáveis por diferentes motivos, um ligado ao desporto e outro, provavelmente, a questões ideológicas. Eu, como Sportinguista envergonho-me do ataque lamentável que um grupo de vândalos fez a adeptos do Futebol clube do Porto. O desporto não é, nem pode ser isto!
Relativamente à violenta agressão ao ator Adérito Lopes e outros colegas à porta do teatro onde representaram uma peça de homenagem a Camões, “Amor é um fogo que arde sem se ver”, não podemos aceitar de ânimo leve esta acção perpetrada por um qualquer grupo radical. Pelos vistos, também já começam a ocorrer outros episódios de total desrespeito por estes agentes da cultura.
Os exemplos que acabei de referir, são diferentes nas motivações que os originaram, mas têm uma coisa em comum, não foram protagonizados por imigrantes e são elucidativos de que o uso excessivo e despropositado de violência se está a tornar banal.
As autoridades devem agir com rapidez e de forma exemplar, a legislação terá que sofrer alterações de forma a permitir que as forças de segurança não se sintam inibidas de agir de forma adequada, e nós, enquanto cidadãos deste País, não nos devemos remeter ao silêncio, porque quem cala consente e nós jamais podemos consentir este tipo de atitudes!
Somos a esmagadora maioria que repudia comportamentos violentos, discursos de ódio e qualquer tipo de intolerância com quem é ou pensa diferente. Portanto, também nos cabe a nós, exigir o fim imediato da confusão que uns poucos pretendem criar e isso implica exigirmos uma acção eficaz das forças de segurança e “mão pesada” da Justiça.
Portugal, o País seguro e pacífico que, infelizmente, está a mudar, necessita do envolvimento de todos para travar essa mudança indesejável!
Docente do Ensino Superior