Daniela Nunes - 18 jun. 07:00
Que paz para a Ucrânia?
Que paz para a Ucrânia?
um acordo de paz não deve resultar da fraqueza ou da exaustão do país invadido. Um acordo de paz deve ser negociado a partir da força — política, militar e diplomática. E isso significa que o Ocidente tem um papel crucial a desempenhar
(Ainda) é preciso ser-se muito claro quando se aborda este conflito, dizendo o que parece quase patético de tão óbvio que é: a guerra russo-ucraniana é . Se o objetivo é uma paz sustentável e minimamente justa, então o apoio à Ucrânia deve ser aumentado, não reduzido. Isto inclui armas, ajuda económica e amparo político a longo prazo.
De outro modo, as consequências podem ser muito perigosas — não só para a Ucrânia, mas para todo o sistema internacional, a começar pela Europa. Uma vitória russa, ou mesmo a perceção de uma, encorajaria regimes autoritários em todo o mundo. Sugeriria, ao mesmo tempo, que as fronteiras que hoje conhecemos como legais podem ser alteradas por via da força e que as democracias carecem da vontade de se defender ou de defender os seus aliados. Não estamos apenas a assistir a uma guerra na Europa — estamos a assistir a um teste às normas globais.
Neste sentido, qualquer plano de paz deve, portanto, equilibrar o realismo com a responsabilidade. Podemos não conseguir tudo o que queremos — refiro-me a uma vitória completa para a Ucrânia, justiça por crimes de guerra, uma mudança de regime no Kremlin — mas não devemos perder de vista o que é essencial: a soberania da Ucrânia, a proteção do direito internacional e a rejeição da impunidade.
É evidente que a paz é necessária, mais do que nunca até. Mas não uma paz que custe a verdade, que ignore as origens e as motivações desta guerra. Porque uma paz que perde de vista a justiça não é paz, é rendição disfarçada.