Opinião de Francisco Sarsfield Cabral - 18 jun. 07:54
Novidades do petróleo
Novidades do petróleo
A OPEP, que costumava cortar na produção para subir o preço do “crude”, agora aumenta a produção. Porquê?
O preço do barril de petróleo subiu por causa do ataque de Israel ao Irão. E mais poderá subir se se confirmarem os receios de um bloqueio no estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quinto do tráfego mundial de petróleo. Mas, antes desta guerra, o barril de Brent estava abaixo de 70 dólares. Há um ano andava perto dos 90 dólares.
Curiosamente, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não tem cortado a produção para fazer subir o preço do petróleo. Pelo contrário, a OPEP tem subido essa produção. Como se explica?
A OPEP fornece cerca de metade do petróleo consumido no mundo. Já não tem a força que tinha há 50 anos, mas ainda influencia o mercado mundial.
São países do Médio Oriente boa parte dos membros da OPEP. Ora estes países precisam agora de dinheiro para financiarem a transição para economias... menos dependentes do petróleo, que dentro de alguns anos deixará de ser uma importante fonte de energia.
A Arábia Saudita, o maior produtor da OPEP, tentou manter a disciplina na OPEP, onde se multiplicaram as fugas aos limites de produção. Os Emiratos Árabes Unidos sentiam-se incómodos com os limites à produção, chegando a ameaçar sair da OPEP.
Mais um motivo para a OPEP agora subir a produção. E vários países fora da OPEP têm feito o mesmo. O fim à vista do petróleo como grande fonte energética e a “guerra” das tarifas aduaneiras lançada por Trump, que afeta o crescimento económico, explicam o recente preço relativamente baixo do barril de petróleo.
Para Portugal, que importa todo o petróleo que consome, esta é uma notícia positiva. Mas tudo aconselha a que as energias renováveis e não poluentes continuem a ganhar espaço como fontes energéticas. É aí que está o futuro.