magalhaes.afonso@newsplex.pt - 18 jun. 21:34
O prazer lúdico da previsão
O prazer lúdico da previsão
Um PS com tanta gente saudosa de José Sócrates pode chegar ao fim da legislatura com metade dos votos
1. Se o cinzento Montenegro não fizer grandes disparates, se acertar numa ou noutra medida, se levar para o governo algumas pessoas sensatas com experiência na vida a sério, os próximos quatro anos serão para ele um passeio pela praia. Mesmo que só continue a pensar em votos e não seja capaz de conceber e fazer nada que transforme, como urge, o país.
Apoios para governar tranquilamente? A solicitude sem alternativa de um PS realista e cordial de José Luís Carneiro. PS que não poderá agir de outro modo, chegando assim ao fim da legislatura com metade dos votos com que a inicia hoje. No caminho para a irrelevância fatal. Um PS com tanta gente saudosa de José Sócrates não merece, aliás, outro destino. A 1 de junho, ‘um entrevistador servil, sem qualquer sentido de vergonha ou decência, ofereceu-lhe na CNN um púlpito’.
E para onde irão esses votos trânsfugas do PS? Vão para a vacuidade possidónia do Livre.
E o Chega? O Chega, se Ventura controlar o seu temperamento, continuará a crescer…
Ah! Esquecia-me do Senhor Almirante. Quanto a ele, o melhor que pode fazer é meter-se num submarino, bem escondido de mandatários e conselheiros, ávidos de fazerem na pele dele o que não foram capazes de fazer com os seus Partidos.
Entretanto as mudanças e a novidade irão chegando de fora, de uma Europa e de um mundo, para o bem e para o mal, de novo em movimento. Europa que continuará a virar à direita. A vitória de Karol Nawrocki, candidato nacionalista à Presidência da Polónia, confirma o realinhamento à direita, sob o olhar prazenteiro de Trump. Essa vitória irá muito provavelmente bloquear o programa do governo nomeadamente quanto ao aborto e aos direitos LGBT +. E poderá também reavivar as tensões com Bruxelas sobre as questões do Estado de Direito, comprometendo a ligação estreita com a Ucrânia: Karol Nawrocki critica os planos de adesão de Kiev à UE e à NATO.
2. Se não for previsão e risco, a análise política serve para quê? Que prazer dará a quem a faz e ouve? Desfile de comentários a rivalizarem na redundância e na banalidade.
Salvam-se os generais, sejam quais forem as suas causas ou simpatias, que não disfarçam. Esses, sabem das matérias, com eles aprende-se sempre. Generais que não hesitam em arriscar prognósticos antes do jogo.