sol.sapo.ptJoana Andrade - 18 jun. 12:09

Que miséria!

Que miséria!

isto irrita-me, incomoda-me e envergonha-me. Quer pela mediocridade instalada e constatada, quer pela aparência da certeza de que muitos destes se julgam a “luz guia da inteligência” nacional.


Assistir ao debate de ontem e hoje na Assembleia da República, desorienta-me! Envergonha-me!

Em primeiro lugar, considero, no mínimo, extraordinário que neste primeiro debate desta nova e futura legislatura tudo se centre em “coisinhas”, esquecendo totalmente os actuais e cruciais desafios geopolíticos globais. 

Ao contrário da cansativa, tacanha e cada vez mais medíocre demagogia e dialéctica, dever-se-ia estar a debater, discutir e a tentar chegar às respostas que precisamos:

  1. Em face das actuais (e futuras) tensões geopolíticas, qual o interesse e o posicionamento de Portugal? 
  2. Qual o interesse estratégico Nacional neste âmbito?


Contudo, actualmente, em sede de reflexão e Estratégia Nacional, deixamos sempre a política externa (baluarte da nossa independência) e a reflexão na Nossa Estratégia para os outros decidirem! 

Não pode ser nem continuar a ser assim! Não faz sentido!

Em segundo lugar, tudo se foca na economia e nas finanças, aliás, em dinheiro!  mas nada se percebe sobre execução, eficiência e boa gestão da cousa pública.

É uma miséria perceber que com enorme probabilidade a maioria do actual hemiciclo não conhece o que se passa efectivamente em Portugal. Vejamos alguns exemplos que deviam saber:

a) saber o que é o pagamento por conta e o impacto indevido que o mesmo tem na tesouraria e/ou potenciais resultados de uma pequena e média empresa;

b) saber que quando uma empresa solicita a devolução de iva (que lhe é devido) a autoridade tributária inicia um processo de longos meses para evitar devolver o que é efectivamente da empresa (o que arrasa aas Empresas com o tempo e os atrasos);

c) saber que apesar do Estado poder estar a dever a uma empresa ou a um cidadão, o Estado, através da autoridade tributária, cobra sempre (aliás, saca sempre primeiro) para depois se ter de agir em termos judiciais;

d) saber que, apesar do novo regime extraordinário para alguns casos, uma acção instaurada contra o Estado (AT) para devolução de imposto mal cobrado ou uma cobrança de uma dívida do Estado poderá demorar sempre practicamente cerca de uma década;

e) saber que não é possível efectivar uma conta corrente com o Estado;

f) saber que apesar de se anunciar descidas no IRS de 2024, todos os cidadãos vão pagar bastante mais que no ano anterior (2023), incluindo as famílias numerosas sobre as quais não existe qualquer incentivo e/ou apoio;

g) saber o que é a TSU e o impacto no ordenado de cada trabalhador e na tesouraria da empresa;

h) saber que a maioria das empresas vive momentos difíceis devido a problemas de tesouraria pelo não pagamentos de facturas emitidas e pelo estrangulação por parte do Estado da cobrança, quer do IVA como depois do próprio IRC, de uma factura não recebida;

i) saber que a ideia do regime do IVA de caixa não é exequível nem se aplica à maioria das micro, pequenas e médias empresas (é uma medida para “inglês ver”);

j) saber que uma grande empresa e/ou até multinacional pagam as mesmas taxas e emolumentos de reg

A minha sorte é que Carlo M. Cipolla já me tinha avisado e ensinado.

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