www.publico.ptpublico@publico.pt - 18 jun. 08:45

Ando tentando tirar Portugal do corpo

Ando tentando tirar Portugal do corpo

São muitos anos de “vinhaças” e alheiras de Mirandela, mas aí vem Santo António e desanda o projeto.

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Acordei outro dia e mandei fazer uma camiseta que dizia: Wine must be a passion, not a sport. Estufei o peito e, na esquina de casa, encontrei três amigos, os cozinheiros João Rodrigues e André Magalhães e o compositor de vinhos Dirk Niepoort. Olharam para mim e disseram: "Boa lembrança, bora lá aos copos juntos, ali num tasco maroto na Mouraria".

Não sou muito chegado a imperiais e sardinhas, mas, como sou devoto de Santo António, abro sempre uma exceção em junho. E, para completar, ainda coloco aquela fatia de pão saloio debaixo da sardinha para, ao final, comê-la hidratada com aquela "molhanga" que faz inglês largar o fish and chips e se arriscar a cantar um faduncho na Tasca do Chico.

Ô meu Santo António, bora lá comigo ao ginásio, vai?!

Por falar em sardinhas, Amália gravou A Sardinha e o Carapau, uma daquelas joias que, com o Fado Chuchu, forma um par de canções deliciosas de comer com os ouvidos.

Recém conheci António Quaresma, empreendedor visionário estrealense, que inventou um "T zero" de latas para dar moradia, em tempos de crise na habitação, às sardinhas, cavalas e outros peixinhos apetitosos do mar português.

As sardinhas, em suas latinhas, ganharam, por conta de sua originalidade, status de caixinha de joia, e até a Time Square está rendida aos seus quitutes. Reza a lenda que Sir Quaresma já anda paquerando o mar fluminense para novos empreendimentos.

Fiquei pensando que, depois de perder o LP, o Cassete e o CD e ter nossa música solta nesse mar digital, o mercado fonográfico podia pedir uma consultoria a António Quaresma para encontrar uma maneira de empacotar a música em caixinhas douradas para voltarmos a ficar ao menos na dispensa da casa dos ouvintes.

Há alguns anos, lancei um álbum da Rua Das Pretas em garrafas de vinho, onde, ao sacar a rolha, de forma analógica, se encontrava, na rolha, um código para escutar o álbum, que estava apenas dentro da garrafa e longe das plataformas digitais. Não deu muito certo, pois fomos com muita sede ao pote e acabamos em comunidade consumindo todo o estoque.

Bom, escrever dá uma fome danada. Peço imensa desculpa, mas estou sentindo o cheiro de uma carcaça quentinha que vem ali da mercearia do Seu Zé.

Tito Paris, tudo dreit? Se tiver catchupa na casa de sua sogra lá em Campo de Ourique neste fim de semana, me chama que eu vou.

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