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“Portugal vive momento semelhante ao do Brasil em 2018”, afirma Marcelo Vitorino

“Portugal vive momento semelhante ao do Brasil em 2018”, afirma Marcelo Vitorino

Naquele ano, a extrema-direita mostrou a cara e os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro. Para o especialista em campanhas eleitorais, que ministra curso em Lisboa, é preciso combater a desinformação.

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Marcelo Vitorino, um dos principais nomes do marketing político brasileiro, apresenta, em Lisboa, ferramentas para o combate à desinformação em campanhas eleitorais. Depois das disputas legislativas, em que fake news e discursos de ódio levaram a direita populista radical a se tornar a segunda força política da Assembleia da República, em outubro, os portugueses irão novamente às urnas para escolher seus representantes municipais.

O brasileiro ministrará o curso Imersão Eleições Autárquicas, voltado para candidatos, assessores, consultores e profissionais de comunicação que vão atuar nas eleições municipais portuguesas deste ano. A formação acontece nos dias 19 e 20 de junho e é organizada pela Lisbon Business School e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP), em parceria com a escola brasileira Academia Vitorino & Mendonça.

"O momento que Portugal vive hoje é semelhante ao que o Brasil enfrentou em 2018. Os partidos precisam decidir se querem pagar o preço da omissão ou se estão dispostos a se preparar", frisa.

Reconhecido internacionalmente por sua experiência na aplicação de estratégias digitais em cenários eleitorais complexos, Vitorino pretende adaptar metodologias testadas no Brasil à realidade portuguesa. "Campanhas eleitorais são disputas de narrativas. Vence quem se conecta melhor com o cidadão. O curso foi concebido para que os participantes compreendam como planejar estratégias de comunicação, mobilizar eleitores e produzir conteúdo relevante, sobretudo, online", afirma.

Desafios digitais

A experiência acumulada em campanhas de todos os níveis no Brasil, de prefeituras à Presidência da República, permite a Vitorino identificar paralelos e diferenças entre os contextos eleitorais dos dois países. Segundo ele, embora Portugal não conte com uma Justiça Eleitoral estruturada como a brasileira, a crescente profissionalização das campanhas e o avanço da extrema-direita, com destaque para o Chega, tornam urgente a formação de equipes técnicas aptas a enfrentar os desafios digitais.

"Nós vimos um crescimento do Chega não apenas entre os eleitores tradicionais, mas entre jovens e abstencionistas. É um partido que tem uma narrativa forte, domina o TikTok e usa o algoritmo a seu favor. Os demais partidos precisam se preparar não apenas para responder, mas para propor conteúdo relevante e combater desinformação com rapidez", explica Vitorino.

Para o estrategista, a principal medida a ser adotada é a criação de equipes especializadas em mobilização digital e resposta rápida a ataques informacionais. "A saída para a maior parte das campanhas aqui organizadas, em todas as autarquias, todas, é montar um núcleo de mobilização e de combate à desinformação", assinala.

Esse núcleo, acrescenta ele, precisará investir no treinamento de militantes, não apenas sobre as propostas do partido, mas, também, sobre os meios de comunicação e o funcionamento do ambiente digital. "Isso é essencial. Com base no que vimos no Brasil após a eleição de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro, é possível prever que um cenário semelhante se repita em Portugal. A pergunta que os partidos precisam se fazer é: querem enfrentar esse desafio preparados ou preferem pagar para ver?", indaga.

Construção de narrativas

A programação do curso inclui aulas teóricas e oficinas práticas, com ênfase em planejamento estratégico, construção de narrativas, estruturação de equipes, presença digital e preparação para o ambiente polarizado que se desenha nas autárquicas. Além de Marcelo Vitorino, participam como formadores Natália Mendonça, especialista em estratégia digital; Fabiana Vitorino, jornalista e consultora de conteúdo; e Arnaldo Costeira, professor da Universidade de Lisboa.

Esta é a primeira edição do curso fora do Brasil, onde o Imersão Eleições já teve três turmas com lotação esgotada. Em Lisboa, as inscrições estão abertas no site. Com a crise econômica, a perda de confiança nos partidos tradicionais e a crescente rejeição à imigração a pautar o debate político, Vitorino acredita que a profissionalização da comunicação é essencial para evitar que as redes sociais se tornem terreno fértil para a desinformação.

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