rr.ptrr.pt - 19 jun. 09:00

GBU-57, a bomba dos EUA que pode destruir a central nuclear secreta do Irão

GBU-57, a bomba dos EUA que pode destruir a central nuclear secreta do Irão

A única maneira de destruir a central nuclear de Fordo é através de uma bomba americana, que só pode transportada por um bombardeiro operado pela Força Aérea dos EUA. A GBU-57 pesa mais de 13 toneladas e é capaz de penetrar quase 20 metros de betão (ou 60 metros de terra) sem explodir - o ideal para chegar aos túneis subterrâneos da central iraniana.

A central nuclear de Fordo, localizada a cerca de 100 quilómetros de Teerão, é considerado o coração do programa nuclear do Irão, mas tem escapado aos ataques de Israel, que têm fustigado as principais instalações de enriquecimento de urânio do país.

Logo na madrugada da última sexta-feira, quando Israel prometeu "eliminar a ameaça nuclear" do Irão, parte da central nuclear iraniana de Natanz foi destruída em ataques israelitas.

Imagens de satélite da empresa Maxar mostram os danos dos ataques, tal como em Tabriz, onde se situa uma base de construção de mísseis, e em Isfahan, onde também se situa uma central nuclear.

No entanto, um alvo ficou de fora dos ataques israelitas: a central de enriquecimento nucelar de Fordo, perto da cidade de Qom, fica escondida nas montanhas e muitos metros abaixo da terra e suspeita-se que esconda túneis que abriguem uma rede de túneis subterrâneos usados para o enriquecimento de urânio.

A central nuclear de Fordo, no Irão, no dia 14 de junho de 2025. Foto: Maxar Technologies/Reuters A central nuclear de Fordo, no Irão, no dia 14 de junho de 2025. Foto: Maxar Technologies/Reuters

As imagens de satélite desta semana mostram que a central nuclear continua inalterada, relativamente ao que mostravam há seis meses.

Como destruir um bunker? Só com uma bomba americana

Para ser chegar aos túneis subterrâneos de Fordo, Israel precisará de uma bomba que só os Estados Unidos produzem e têm no seu arsenal: a GBU-57 tem um peso superior a 13 toneladas - 13.600 quilos - e é capaz de ultrapassar 18 metros de betão ou 61 metros de terra até explodir, de acordo com testes realizados.

Estas bombas são tão pesadas que só conseguem ser carregadas por um bombardeiro norte-americano, o B-2 Spirit, que é exclusivamente operado pela Força Aérea dos Estados Unidos.

Este bombardeiro é também, por si só, uma das armas estratégicas mais avançadas dos EUA, com uma reserva para 11 mil quilómetros que pode chegar aos 18.500 quilómetros com apenas uma paragem para reabastecimento, podendo chegar a qualquer lado do planeta em poucas horas.

Cada bombardeiro destes é capaz de carregar duas bombas GBU-57.

Infografia da Reuters mostra que o GBU-57 pode penetrar até 61 metros e que o B-2 Spirit pode carregar duas destas bombas e tem um alcance de 11 mil quilómetros. Foto: Reuters Infografia da Reuters mostra que o GBU-57 pode penetrar até 61 metros e que o B-2 Spirit pode carregar duas destas bombas e tem um alcance de 11 mil quilómetros. Foto: Reuters

Cada bombardeiro destes custa cerca de 2 mil milhões de euros, o que o torna a aeronave militar mais cara alguma vez construída. Começou a ser produzido no final dos anos 80, mas a sua produção foi interrompida devido à queda da União Soviética, tendo sido fabricadas apenas 21 unidades.

O bombardeiro já foi utilizado em missões norte-americanas ao Afeganistão e à Líbia. A tripulação é de apenas dois pilotos, graças a muitos dos sistemas estarem automatizados.

Com 6,3 metros de comprimento e um sistema de mira guiado por GPS, a bomba GBU-57 destaca-se das restantes bombas por ter um função especializada, que lhe permite penetrar dezenas de metros de terra ou betão sem explodir, o que é ideal para a situação.

O projeto da bomba iniciou-se no início dos anos 2000 e em 2009 foi feito um pedido de 20 unidades à Boeing, a produtora da bomba.

A central nuclear de Fordo, a 24 de janeiro de 2025. Foto: Maxar Technologies/Reuters A central nuclear de Fordo, a 24 de janeiro de 2025. Foto: Maxar Technologies/Reuters O que diz Trump? "Ninguém sabe o que eu quero"

O presidente norte-americano continua sem abrir o jogo sobre qual será o seu próximo passo neste conflito.

Em declarações esta quarta-feira na Casa Branca, deixou em aberto um possível envolvimento dos Estados Unidos nos ataques militares ao Irão. “Posso fazer isso, posso não fazer isso. Ninguém sabe o que eu quero fazer”, disse, acrescentando que foi contactado pelo Irão para negociações, mas sentiu que “é tarde demais” para conversar.

Horas mais tarde, o Wall Street Journal avançou que Trump terá dado luz verde para que os Estados Unidos ataquem o Irão, mas colocou a ordem final em "stand-by" na esperança de que Teerão deixe cair o seu programa nuclear.

A revelação foi feita por três conselheiros do presidente dos EUA ao Wall Street Journal, que indicam que um dos possíveis alvos são, precisamente, as instalações de enriquecimento de urânio de Fordo.

NewsItem [
pubDate=2025-06-19 10:00:12.0
, url=https://rr.pt/especial/mundo/2025/06/19/gbu-57-a-bomba-dos-eua-que-pode-destruir-a-central-nuclear-secreta-do-irao/429684/
, host=rr.pt
, wordCount=670
, contentCount=2
, socialActionCount=2
, slug=2025_06_19_1870932151_gbu-57-a-bomba-dos-eua-que-pode-destruir-a-central-nuclear-secreta-do-irao
, topics=[informação, mundo]
, sections=[actualidade]
, score=0.000851]