rr.pt - 8 jul. 19:36
"O dinheiro não é meu". Sócrates rejeita proximidade com Salgado
"O dinheiro não é meu". Sócrates rejeita proximidade com Salgado
Repreendido em tribunal no julgamento do processo Marquês, antigo primeiro-ministro sente-se vítima de " hostilidade latente" da juíza Susana Seca.
José Sócrates voltou esta terça-feira a ser repreendido no julgamento do processo Marquês. No final, o antigo primeiro-ministro voltou a acusar a juíza Susana Seca de hostilidade, desvalorizou escutas com Ricardo Salgado e disse: "o dinheiro não é meu".
“Eu não quero valorizar isso. A senhora juíza tem uma hostilidade latente contra mim que eu espero ter contribuído para pôr de lado, porque isso é horrível tanto para quem está a prestar declarações como para quem está a ouvir”, afirmou o arguido, em declarações aos jornalistas.
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No rescaldo da segunda sessão do julgamento do processo Marquês, que decorre no Campus da Justiça, em Lisboa, José Sócrates argumenta que “não ficou pedra sobre pedra sobre a questão da PT, nem sobre a OPA da Sonae, nem sobre o veto da Vivo”.
“Todas as provas que apresentei demonstram a falsidade”, sublinhou o antigo primeiro-ministro.
Questionado pelos jornalistas sobre as escutas de conversas telefónicas com Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, José Sócrates desvaloriza o conteúdo.
“Essas quatro escutas servem para tirar três conclusões. A primeira é que eu não tinha o número de telefone de Ricardo Salgado. Numa das escutas é visível que ele me liga por engano”, refere o principal arguido da operação Marquês.
Sócrates rejeita uma relação de proximidade com o ex-homem forte do BES. Diz que se limitou a tratar Ricardo Salgado com a “consideração necessária” para com alguém alvo de um “processo criminal muito severo”.
“Também ficou muito evidente nestas conversas que nós tivemos uma disputa a propósito da Vivo. Isso é determinante, porque o Ministério Público diz que na matéria da Vivo eu, afinal de contas, tinha um entendimento secreto com Ricardo Salgado para vendermos a Vivo e para irmos à Oi. Essa escuta mostra que isso é falso. Essa escuta é referida pelo juiz Ivo Rosa [na fase de instrução] para demonstrar que a acusação não tem razão nenhuma”, salientou.
Contrariando a tese do Ministério Público, José Sócrates garante que nunca utilizou ou aceitou dinheiro de alegados subornos.
“O Ministério Público depois de ter apresentado todas as provas que mostram a falsidade de tudo o que foi dito, o MP diz: ‘ah, mas temos o dinheiro’, mas o dinheiro não é meu. É de outros. Não tenho nada a ver com ele. Não utilizei esse dinheiro, isso não é verdade”.
"A história dos 12 mil euros: ‘Ele comprou peças de roupa no valor de 12 mil euros’. Isso é completamente falso e inventado. Já foi explicado pelo meu amigo. Ele comprou, não eu. Aliás, é roupa que não tem nada a ver comigo. Estão a ver o domínio do delírio e da maluquice de tudo isto?! Apresentei provas concludentes de que é tudo falso”, rematou José Sócrates.