eco.sapo.pteco.sapo.pt - 8 jul. 15:12

Seguradores “não estão preparados” para investimentos de maior risco, avisa líder da APS

Seguradores “não estão preparados” para investimentos de maior risco, avisa líder da APS

Na 4.º Fórum Nacional de Seguros, intervenientes referem a literacia financeira, incentivos à poupança e a criação de um fundo sísmico como as principais prioridades para o setor.

O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), José Galamba de Oliveira, frisou esta terça-feira que as seguradoras não estão preparadas para investir em ativos de maior risco. Investir em literacia financeira e criar um fundo sísmico estão entre as principais prioridades para o setor.

“Quando se fala de colocar dinheiro em capital de risco… não é capital de risco, é capital de maior risco porque obviamente estamos a investir em indústrias novas, na transição energética, na transição digital, em todo este esforço que a Europa tem de fazer para se reindustrializar”, descreveu José Galamba de Oliveira no 4.º Fórum Nacional de Seguros, que está a decorrer na Alfândega do Porto.

O líder da associação dos seguradores, que foi reeleito em março, advertiu que “colocar investimentos neste tipo de projetos de maior risco implica cargas de capital ou de solvência muito grandes – e o setor não está preparado para isso”.

Galamba de Oliveira recordou que “grandes infraestruturas, como novos aeroportos ou o TGV, são investimentos com retorno a 30 ou mais anos”. No entanto, destaca que “na perspetiva de longo prazo, o retorno também lá está — e é um retorno mais interessante do que o retorno da própria dívida pública”.

Intervindo no mesmo painel, Jorge Pinto, diretor de vendas e de distribuição da Zurich, sublinhou também que “esta nova visão de investir em capitais de risco pode dinamizar a economia”.

Falta literacia financeira e incentivos à poupança

No painel com o título “Nova legislatura: Que prioridades para os seguros”, todos os intervenientes destacaram a falta de literacia financeira com um dos principais desafios.

  • Pedro Granadeiro/ECO
  • Jorge Pinto Diretor de Vendas e de distribuição da Zurich Pedro Granadeiro/ECO
  • José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) Pedro Granadeiro/ECO
  • João Barata Chief Insurance Officer da Generali Tranquilidade Pedro Granadeiro/ECO
1 / 5

Outro tema abordado foi a questão da poupança, com o líder da associação dos seguradores a defender que devem ser implementados incentivos fiscais para aumentar a poupança para a reforma.

João Barata, chief insurance officer da Generali Tranquilidade, corroborou a ideia de Galamba de Oliveira, reforçando a necessidade de existirem “estímulos à poupança”, tendo em conta que os “clientes em Portugal são mais conservadores”.

Consciente da “complexidade do setor”, o mesmo porta-voz da Generali Tranquilidade realçou que o “desafio passa por simplificar e encontrar produtos que sejam o mais simples possível”.

Imprescindível criar fundo sísmico

À semelhança do alerta que tinha sido deixado na abertura pela presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), os seguradores insistiram igualmente na importância da criação do fundo sísmico.

O diretor de vendas e de distribuição da Zurich realçou a urgência na criação deste fundo sísmico. “É um evento com uma frequência muito reduzida, mas que pode ter um impacto nefasto”, reforçou o responsável.

Jorge Pinto lembrou que sobretudo as regiões do Algarve e de Lisboa e Vale do Tejo são zonas sísmicas e contabilizou que cerca de 50% da população não tem seguro multirriscos e, dentro desta percentagem, apenas um em cada cinco tem cobertura sísmica.

O diretor de vendas da Zurich sublinhou ainda que “olhando apenas Lisboa, existe legislação de construção sísmica a partir de 1990”, o que significa que 70% das habitações na capital portuguesa “não estão abrangidas por essa legislação”.

João Barata (Chief Insurance Officer da Generali Tranquilidade), Jorge Pinto (Diretor de Vendas e de distribuição da Zurich), José Galamba de Oliveira (Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores) e Francisco Botelho (Diretor do ECOseguros)Pedro Granadeiro/ECO

“Há estudos que indicam que se tivermos um sismo igual ao de 1855 não chegarão dez mil milhões de euros na zona do Lisboa só para fazer face” a esse abalo, constatou Jorge Pinto.

O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores optou por olhar para esse fundo na ótica dos desastres naturais. Ou seja, completou, “uma porta aberta a outros tipos de riscos, nomeadamente de grandes incêndios ou de grandes inundações”.

O chief insurance officer da Generali Tranquilidade identificou no mesmo fórum que o caminho passa por “prevenir”. “A lógica do fundo é prevenir aquilo que sabemos que vai acontecer; não sabemos exatamente quando e como“, acrescentou João Barata.

NewsItem [
pubDate=2025-07-08 16:12:28.0
, url=https://eco.sapo.pt/2025/07/08/seguradores-nao-estao-preparados-para-investimentos-de-maior-risco-avisa-lider-da-aps/
, host=eco.sapo.pt
, wordCount=682
, contentCount=1
, socialActionCount=1
, slug=2025_07_08_1925990315_seguradores-nao-estao-preparados-para-investimentos-de-maior-risco-avisa-lider-da-aps
, topics=[fórum nacional de seguros]
, sections=[actualidade]
, score=0.000583]