publico.pt - 8 jul. 11:39
Príncipe André não voltará a ser levado à justiça pela ligação a Epstein
Príncipe André não voltará a ser levado à justiça pela ligação a Epstein
O duque de York tinha sido acusado de abusos sexuais por Virginia Giuffre em 2021, mas chegou a acordo em 2022. Agora, confirmou-se que não vão surgir novas acusações ligadas a Epstein.
Apesar de envolvido noutros casos e escândalos, o príncipe André é uma das individualidades que poderá respirar de alívio após, nesta segunda-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla original) e o FBI terem desmentido a existência de uma lista secreta de associados a Jeffrey Epstein. Mais: não haverá novas acusações relacionadas com o caso. Assim, o irmão de Carlos III não voltará a ser levado à justiça pelo seu envolvimento com o magnata norte-americano, que criou uma rede de tráfico sexual.
“Não foram encontradas provas que justifiquem a abertura de uma investigação contra terceiros não acusados”, declarou o memorando sobre a análise, em que também se confirmou que a morte de Epstein, em 2019, foi um suicídio.
O duque de York era uma das figuras mais proeminentes na lista de personalidades envolvidas no processo civil contra a namorada de Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell, interposto por Virginia Giuffre, uma das vítimas da rede de tráfico sexual, que morreu em Abril deste ano. Da lista constavam ainda os presidentes norte-americanos Bill Clinton e Donald Trump, que tiveram uma relação de amizade com Epstein, ainda que em nenhum dos casos se demonstre que tenham cometido qualquer crime.
Mas o caso de André era (e é) diferente e o terceiro filho de Isabel II caiu em desgraça em 2019, perdendo os privilégios reais, depois de serem conhecidas as suas ligações a Epstein. Um documentário de 2023 (Secrets of Prince Andrew) descreve os dois como melhores amigos, recordando uma visita do príncipe à ilha privada de Epstein, em 2000, onde o magnata instruiu uma jovem a ter sexo com o duque, segundo o testemunho da modelo Lisa Phillips, que estava no local.
O biógrafo real Andrew Lownie avalia no documentário que “Epstein e Ghislaine foram convidados para o coração da monarquia britânica”. Sobre André, diz Lownie, Epstein terá declarado: “Só há uma pessoa que gosta mais de sexo do que eu, e essa pessoa é o André.”
Em 2021, André foi mesmo acusado formalmente de abusos sexuais por Virginia Giuffre num tribunal de Nova Iorque. A jovem, então com 17 anos, foi convidada por Maxwell para ser massagista de Epstein e foi a partir daí que os abusos começaram. Depois disso, Giuffre diz ter sido “passada como uma travessa de fruta” entre os amigos poderosos e ricos de Epstein, incluindo o príncipe André.
O processo judicial incluía acusações de três violações quando Virginia Giuffre era menor de idade. André rejeitou sempre veementemente as acusações e, em 2022, chegou a um acordo extrajudicial com Giuffre, reconhecendo as ligações a Epstein, mas sem qualquer admissão de culpa. O valor da indemnização não foi divulgado.
Tendo perdido todos os títulos militares e patrocínios em 2022, por acção da mãe, Isabel II, André vai surgindo como uma sombra na família real britânica, estando afastando de quaisquer momentos oficiais — aliás, Carlos III tem reduzido ao essencial os trabalhadores do clã dos Windsor. Contudo, o duque de Iorque vai surgindo em alguns eventos familiares, como, em Abril, quando foi visto, ao lado da ex-mulher, Sarah Ferguson, na missa de Páscoa.
Apesar de estar ilibado em relação a Epstein, o nome de André continua a surgir noutros escândalos. No ano passado, foi conhecida a sua proximidade ao espião chinês banido do Reino Unido por razões de segurança nacional. A decisão oficial revelava que André o autorizou a criar uma iniciativa financeira internacional para estabelecer contactos com potenciais parceiros e investidores na China.