publico.pt - 8 jul. 19:30
Espólio do túmulo de D. Dinis proposto para classificação
Espólio do túmulo de D. Dinis proposto para classificação
A Museus e Monumentos de Portugal quer os artefactos encontrados junto ao monarca classificados como conjunto de interesse nacional.
O espólio dos túmulos do rei D. Dinis e de um infante neto do monarca, ambos na igreja do Mosteiro de Odivelas, no distrito de Lisboa, foram propostos pela empresa Museus e Monumentos de Portugal para classificação como conjunto de interesse nacional.
De acordo com um anúncio publicado esta terça-feira em Diário da República, datado de 30 de Junho e assinado pelo presidente da empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, Alexandre Pais, é proposta a classificação dos dois túmulos, com base num parecer da Secção dos Museus, da Conservação e Restauro e do Património Cultural Móvel.
No começo deste ano, o prazo para a conclusão do processo de classificação do espólio do túmulo do rei D. Dinis (1261-1325), aberto em Agosto de 2023, tinha já sido alargado até Agosto.
O processo foi aberto há dois anos pela então Direcção-Geral do Património Cultural, assinalando que "a protecção e valorização [do espólio do túmulo] representam valor cultural de significado para a Nação".
O túmulo de D. Dinis, no Mosteiro de Odivelas, foi aberto para estudo e restauro em 2020, revelando, surpreendentemente uma espada e também vários têxteis de elevadíssima qualidade, como seria de esperar nos trajes que vestem um monarca na morte.
A arca tumular do rei foi encerrada a 28 de Junho de 2023 e, na altura, a arqueóloga Maria Antónia Amaral, uma das responsáveis pelo estudo em curso sobre o monarca e o seu espólio, indicou à agência Lusa que propôs a classificação do manto e da espada ali encontrados como tesouros nacionais.
Segundo a arqueóloga, os restos mortais do rei foram estudados e há ainda o espólio associado ao monarca e ao infante — um dos netos de D. Dinis, que também está sepultado no mosteiro, e cuja identidade não é consensual — que foi objecto de uma investigação aprofundada, envolvendo cientistas de várias áreas e conduzindo até a uma reconstituição facial 3D do chefe de Estado com base em dados arqueológicos, antropológicos e genéticos.
Na fundamentação da proposta de classificação, um documento de Julho de 2023, constatava-se o "elevado interesse patrimonial do espólio do túmulo do rei D. Dinis", concluindo-se que "se trata de um conjunto sem precedentes historico-artísticos, que demonstra valores de memória, de antiguidade, de autenticidade, de originalidade, de criatividade, de raridade e de singularidade".
Esta terça-feira foram também publicados vários outros anúncios com propostas de classificação, entre eles o de uma pintura intitulada Nossa Senhora numa Paisagem Orando Diante de Cristo Crucificado (sob proposta do Museu Nacional de Arte Antiga), da Escola Flamenga, que pertenceu a Damião de Góis e que foi a leilão em Lisboa no ano passado e vendida por 120 mil euros.
No mesmo leilão e, tal como o quadro anterior proveniente da colecção do banqueiro Ricardo do Espírito Santo Silva, foi vendido por 72 mil euros um tríptico flamengo representando a litania mariana, que foi alvo de pedido de exportação definitiva para o Reino Unido, o que conduziu à proposta de abertura de classificação para impedir a saída da obra, devido ao seu "indiscutível interesse para as colecções públicas portuguesas". A MMP solicitou três pareceres sobre esta obra.
Foi também proposta ao Ministério da Cultura, Juventude e Desporto a classificação como tesouro nacional de um modelo em gesso da estátua equestre de D. José I, de Machado de Castro, pertencente à colecção do Museu Militar de Lisboa.
Adicionalmente, foram publicados em Diário da República os anúncios com propostas de classificação do Tesouro da Capela de São João Baptista, da Igreja e Museu de São Roque, em Lisboa, e as 518 obras que integram a Colecção Bombarda, do Hospital Miguel Bombarda, também em Lisboa.