expresso.ptexpresso.pt - 8 jul. 11:45

Seis detidos em Moçambique por tráfico e exploração sexual de mulher vietnamita

Seis detidos em Moçambique por tráfico e exploração sexual de mulher vietnamita

Seis pessoas foram detidas pela polícia moçambicana na província de Manica, por suspeitas de tráfico humano e exploração sexual de uma cidadã vietnamita após ter sido atraída com uma promessa de emprego

A polícia moçambicana deteve seis cidadãos suspeitos de tráfico e exploração sexual de uma cidadã de origem vietnamita, na província de Manica, centro de Moçambique, disse hoje fonte oficial.

"A polícia deteve esses seis cidadãos indiciados no crime de tráfico de seres humanos. Esses aliciaram uma cidadã vietnamita com intuito de oferecer emprego cá em Moçambique. A cidadã, após chegar no território nacional, foi mantida em cativeiro e explorada sexualmente", disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Mouzinho Manasse, citado hoje pela comunicação social.

Segundo o porta-voz, entre os seis acusados estão quatro cidadãos de origem chinesa e dois moçambicanos.

"Os cidadãos moçambicanos trabalham com esses chineses. No período de detenção, eles encontravam-se com os mesmos, então, também são suspeitos de estarem envolvidos neste crime", referiu a fonte policial, explicando que, no momento da detenção, os suspeitos estavam na posse de dinheiro em espécie, além de um computador e três armas de fogo.

O advogado e ativista moçambicano Inácio Mussanhane disse em setembro que a situação do tráfico de pessoas no país "é muito mais séria" do que revelam os dados oficiais, defendendo uma "organização estrutural" para o combate a estes delitos.

"Obviamente, (a situação) é muito mais séria, nós temos pessoas que são traficadas todos os dias, de vários pontos do país", disse à agência Lusa.

Aquele advogado e ativista social contra o tráfico de seres humanos falava à margem de uma reunião, em Maputo, entre autoridades de Moçambique e Angola sobre "Tráfico de pessoas: compartilhamento de boas práticas e meios de cooperação".

Em 2011, Inácio Mussanhane contribuiu para a condenação a prisão perpétua, na África do Sul, da cidadã moçambicana Aldina dos Santos, depois de ter denunciado às autoridades que a arguida forçava três menores a envolverem-se na prostituição infantil naquele país.

O ativista alertou igualmente para a existência de indícios de tráfico humano nos migrantes estrangeiros detidos nos voos internacionais que aterram nas cidades moçambicanas.

Mussanhane defendeu uma "organização estrutural" das entidades judiciárias e policiais contra o tráfico de pessoas, alertando para casos de impunidade provocados pela incapacidade dos investigadores e magistrados em compreender a complexidade e dinâmica das redes envolvidas no tráfico de pessoas.

"Muitos procuradores (que têm o poder legal de deduzir a acusação) não estão familiarizados com este tipo de crime e acabam por dizer que não há nada e morreu o assunto, tem muito a ver com a (falta de) formação", destacou.

Falando durante a reunião, Francisco Cardoso, magistrado da Procuradoria-Geral da República moçambicana, disse que as autoridades moçambicanas registaram 15 processos-crime por tráfico de pessoas nos últimos 10 anos, mas admitiu que o número de casos pode ser superior, tendo em conta os desafios na identificação deste tipo de delitos.

Cardoso enfatizou que a minúcia necessária na investigação dos crimes de tráfico de seres humanos e a diferença ténue com outro tipo de delitos pode favorece a impunidade dos autores.

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