observador.ptobservador.pt - 8 jul. 16:07

Bruno, um cão farejador italiano que salvou nove pessoas, foi morto com salsichas com pregos

Bruno, um cão farejador italiano que salvou nove pessoas, foi morto com salsichas com pregos

O cão herói morreu no centro de treinos com hemorragia interna. Alguém terá colocado no canil salsichas com pregos, acusa o treinador. "Ato vil", indigna-se Meloni. Polícia já abriu investigação.

Bruno, um cão farejador que salvou nove pessoas e foi condecorado pela primeira-ministra italiana em 2023, morreu num centro de treino em  Taranto, na sexta-feira. A sua morte foi intencional, acusa o treinador Arcangelo Caressa, já que ocorreu depois de o bloodhund (sabujo ou cão de Santo Humberto, em português) de sete anos ter comido salsichas com pregos que alguém colocou no seu canil.

���Hoje morri contigo. Esta manhã, encontrei o corpo sem vida do Bruno. Infelizmente, o Bruno foi assassinado. Atiraram-lhe salsichas com pregos dentro”, escreveu o treinador Arcangelo Caressa, na rede social Facebook. “Mataram-no, fazendo-o sofrer durante horas”, disse.

“Adeus, meu amigo. Durante a tua curta missão, trouxeste para casa nove desaparecidos. Foste premiado pelas mais altas autoridades pelo teu trabalho. Lutaste durante toda a tua vida para ajudar os seres humanos, e foram esses mesmos seres humanos que te fizeram isto”, acrescentou antes de lamentar:

“Quando um familiar vosso precisar do Bruno, ele não estará lá”.

Caressa encontrou Bruno no centro de treino da unidade canina da Entidade Nacional Democrática de Ação Social – ENDAS, em Taranto com uma hemorragia interna causada pelos pregos que estavam dentro das salsichas.

Numa entrevista ao jornal regional Corriere dello Mezzogiorno, o treinador contou que a maioria as pessoas salvas pelo farejador eram “pessoas com doença de Alzheimer que se tinham perdido no campo depois de terem saído de casa”.”Em 2020 contribuiu também para a descoberta de Diego, o menino de quatro anos encontrado sem vida no rio Bradano [no sul do país]”, lembrou ainda.

O caso chegou à primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, que disse ser “uma notícia de partir o coração”. “Um ato vil, cobarde e inaceitável. Obrigado por tudo o que fizeste, Bruno”, escreveu a líder, na rede social X.

Una notizia che stringe il cuore. Un atto vile, codardo, inaccettabile.

Grazie per tutto ciò che hai fatto, Bruno. pic.twitter.com/e5eSpPzQJ4

— Giorgia Meloni (@GiorgiaMeloni) July 5, 2025

Caressa, ao jornal italiano Il Messagiero, alegou saber quem matou Bruno. Porém, segundo ele, “o verdadeiro alvo” não era o cão farejador, mas sim ele mesmo.

De acordo com o Corriere della Sera, o treinador já apresentou uma queixa às autoridades com os nomes de duas pessoas que lhe fizeram ameaças nas últimas semanas e a polícia já recolheu as imagens de videovigilância do centro de treinos.

“Agora quero ver o culpado atrás das grades”, acrescentou Caressa, que aponta o seu trabalho com as autoridades como uma possível razão.

“Para além do meu trabalho com o Bruno na busca de pessoas desaparecidas, também treino unidades caninas para a polícia e ajudei a apreender animais maltratados destinados a lutas ilegais”, esclarece, ao Corriere dello Mezzogiorno.”Faço inimigos todos os dias. Isto pode ser uma pista“, concluiu.

L’hanno ucciso con un boccone pieno di chiodi. Il sospetto di una vendetta dietro la morte di #Bruno, il cane eroe che a Taranto ha salvato 9 persone e ricevuto vari riconoscimenti, tra i quali un premio dalla Presidente del Consiglio Giorgia #Meloni che oggi scrive: “Atto vile”. pic.twitter.com/ylinNTB3rm

— Tg1 (@Tg1Rai) July 7, 2025

Na mesma linha seguiu a deputada Michela Vittoria Brambilla, defensora dos direitos dos animais e fundadora da Liga Italiana para a Defesa dos Animais e do Ambiente (LEIDAA). A ativista acredita que poderão ter sido criminosos ligados a redes de lutas de cães a matar Bruno, face à sua ajuda a confiscar cães usados nesses eventos.

No Instagram, lamentou que o cão herói tenha sido condenado a “uma morte horrível, longa e dolorosa, devido a uma hemorragia interna” e exigiu a ação da polícia. “Peço às forças da ordem que envidem todos os esforços para que o responsável pela morte do Bruno seja levado à justiça”, cita-a um comunicado da LEIDAA.

“É uma vergonha pertencer à raça humana”, escreveu a deputada, frisando que quem cometeu o crime “não o fez por crueldade, mas com um objetivo preciso”.

Outras vozes políticas se levantaram contra a morte de Bruno, como a do presidente do Senado italiano.

“O assassinato de Bruno, o cão herói da unidade de resgate Endas, é um ato bárbaro e incivilizado que espero que as autoridades competentes possam esclarecer totalmente”, escreveu no X, Ignazio La Russa.

L’uccisione di Bruno, il cane eroe dell’unità da soccorso Endas, è un atto barbaro e incivile su cui mi auguro le autorità preposte possano fare piena luce. pic.twitter.com/2YS11kS8D0

— Ignazio La Russa (@Ignazio_LaRussa) July 6, 2025

A morte está a indignar muitos italianos que se têm manifestado nas redes sociais, lembrando momentos em que se cruzaram com o bloodhund.

Ho conosciuto Bruno a Piazza del Popolo.
Un cane da soccorso straordinario, simbolo di coraggio e silenziosa dedizione.

È stato avvelenato con esche piene di chiodi.
Un gesto vile, che ci lascia senza parole.

Ti ricorderemo così, Bruno: fiero, leale, insostituibile. ???? pic.twitter.com/pj0m3An3D4

— Luca Sbardella (@luca_sbardella) July 6, 2025

Bruno il cane eroe: lo uccidono con un boccone avvelenato#Pomeriggio5 News pic.twitter.com/1P2LJc3lrl

— Pomeriggio 5 (@pomeriggio5) July 7, 2025

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