observador.ptobservador.pt - 8 jul. 13:26

Texas entra no quinto dia de buscas por sobreviventes. Número de mortos provocados pelas cheias ultrapassa uma centena. 28 são crianças

Texas entra no quinto dia de buscas por sobreviventes. Número de mortos provocados pelas cheias ultrapassa uma centena. 28 são crianças

Enquanto decorrem esforços das autoridades e voluntários para encontrar as 24 pessoas desaparecidas nas cheias, levantam-se questões sobre como os sistemas de alerta podiam ter salvado vidas no Texas.

Um dia depois de o número de mortos em consequência das inundações repentinas no Texas ter ultrapassado uma centena, as equipas de busca e salvamento continuam no terreno a procurar sobreviventes. Ainda há 24 pessoas desaparecidas, de acordo com a CNN Internacional, incluindo 10 campistas e uma monitora do Camp Mystic, um campo de férias cristão só para raparigas no condado de Kerr.

Só nesse campo, perderam a vida 27 meninas e monitoras, depois de o rio Guadalupe ter subido oito metros em 45 minutos em plena madrugada da passada sexta-feira, 4 de julho. A data da tragédia é especialmente relevante uma vez que em pleno feriado nos EUA, em que se celebra o Dia da Independência, o campo de férias estava cheio — mais de 700 crianças dormiam em cabanas quando o rio começou a transbordar.

Ted Cruz, senador do Texas, visitou esta segunda-feira o complexo do Camp Mystic, em Kerr, e afirmou depois, numa conferência de imprensa, que considera ter existido um “milagre para que mais crianças não tenham perdido a vida”, dada a dimensão dos estragos e do rasto de destruição que o rio deixou para trás.

“Nunca vi nada tão horrível. As cabanas tinham um metro e meio de água“, acrescentou, adiantando que a sua própria filha tinha estado num campo de férias nas redondezas, antes das cheias, e que a foi buscar na semana passada.

O senador garantiu que o Presidente norte-americano, Donald Trump, deu ao Texas “tudo” o que precisa para efetuar as buscas com precisão e celeridade e deixou críticas aos políticos que estão a criticar os serviços de emergência e a falta de aviso para uma tragédia, que há quem diga que poderia ter sido minimizada com os devidos sistemas de alerta.

O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) continua a manter ativos avisos de cheias em várias zonas do Texas, mas informa esta terça-feira que “as probabilidades de chuva diminuirão gradualmente“. “Preveem-se condições mais secas e quentes de quarta-feira até ao fim de semana”, acrescenta na rede social X.

Chances of rain will decrease gradually Tuesday. Drier and warmer conditions are forecast Wednesday through the weekend. pic.twitter.com/L40xQmAgvT

— NWS Austin/San Antonio (@NWSSanAntonio) July 8, 2025

Como destaca a CNN, é improvável que aguaceiros e tempestades previstos para as próximas horas representem risco de novas inundações. O rio Guadalupe já regressou entretanto a níveis normais, o que poderá auxiliar nas buscas no local.

No rescaldo da tragédia, há quem aponte o dedo aos cortes de Trump nos serviços meteorológicos

Ainda não foi explicado por forma oficial porque é que o sistema de alerta precoce de inundações na região do Texas não resultou na evacuação atempada de várias zonas de Kerr, onde se conta a esmagadora maioria das vítimas mortais, e com especial ênfase do Camp Mystic, onde 700 raparigas estavam acampadas numa planície conhecida por poder ficar inundada pelo rio Guadalupe.

Como destaca o The Guardian, a demora na emissão dos alertas tem estado a ser relacionada com os cortes ordenados por Trump e por Elon Musk — quando este segundo ainda pertencia ao governo republicano — no NWS e na Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema).

Não são de agora, mas já de há alguns meses, os avisos de vários ex-funcionários federais e especialistas para o facto de estes cortes profundos de pessoal do instituto de meteorologia norte-americana poderem estar a colocar vidas em risco.

Segundo a Associated Press (AP), após as chuvas torrenciais e inundações repentinas que atingiram sexta-feira o estado do Texas, o serviço meteorológico foi criticado por autoridades locais, que descrevem as previsões como “inadequadas”, embora a maioria no estado controlado pelos republicanos não tenha chegado a culpar os cortes de pessoal de Trump.

De acordo com a AP, o escritório do NWS responsável por essa região tinha cinco funcionários de plantão enquanto as tempestades se formavam sobre o Texas na noite de quinta-feira para sexta-feira, o número habitual para um turno noturno quando se preveem más condições meteorológicas.

A verdade é que apesar disso, os alertas urgentes de enchentes repentinas só foram emitidos em plena madrugada. Por essa altura, a maioria das pessoas estava a dormir, acabando os avisos por não ter efeito prático e culminando na tragédia que é agora conhecida.

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