www.publico.ptpublico.pt - 8 jul. 20:20

Biópsia líquida detecta cancro colorrectal em fase inicial com 95% de sucesso

Biópsia líquida detecta cancro colorrectal em fase inicial com 95% de sucesso

As biópsias líquidas já permitem detectar sinais de cancro através de uma análise ao sangue, mas ainda não são tão sensíveis ou precisas nas fases iniciais da doença como as biópsias tradicionais.

Investigadores desenvolveram, nos Estados Unidos, um novo teste de biópsia líquida capaz de detectar o cancro colorrectal numa fase inicial com 95% de precisão, "uma melhoria considerável em relação aos métodos actualmente disponíveis", foi divulgado esta terça-feira.

O trabalho da equipa de cientistas da Universidade de Chicago foi publicado na revista científica Nature Biotechnology, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

As biópsias líquidas já permitem detectar sinais de cancro através de uma análise ao sangue, mas ainda não são tão sensíveis ou precisas nas fases iniciais da doença como as biópsias tradicionais, que exigem uma amostra de tecido.

Enquanto estas procuram mutações ou alterações em fragmentos de ADN (ácido desoxirribonucleico) de células cancerígenas, o novo teste recorre a modificações de ARN (ácido ribonucleico) para detectar o cancro colorrectal nas suas fases iniciais.

Quando as células tumorais morrem libertam partículas de material genético para a corrente sanguínea e "as biópsias líquidas padrão dependem deste (...) ADN circulante livre de células (cfDNA) para detectar o cancro".

Mas nas fases iniciais da doença, quando as células tumorais ainda estão a crescer e a proliferar, não há muito cfDNA no sangue, o que "representa um grande desafio para o diagnóstico precoce", explica Chuan He, autor sénior do estudo e professor de Bioquímica e Biologia Molecular na Universidade de Chicago, citado pela EFE.

No trabalho, os cientistas analisaram a possibilidade de utilizar ARN circulante livre (cfRNA) para detectar o cancro e, utilizando amostras de doentes com cancro colorrectal, não só conseguiram medir alterações neste, como encontrar ARN de microrganismos intestinais que alteram a sua actividade em caso de tumor.

"Verificámos que o ARN libertado pelos micróbios apresenta diferenças substanciais entre doentes oncológicos e pessoas saudáveis", diz o investigador.

O facto de a população da microbiota se renovar muito mais rapidamente do que as células humanas, com mais células a morrer com maior frequência e a libertar fragmentos de ARN para a corrente sanguínea, significa que um teste que mede as modificações no ARN microbiano pode detectar uma potencial actividade cancerígena muito mais cedo do que os testes que se baseiam no ADN libertado pelas células tumorais humanas.

O novo teste baseado na modificação de ARN teve uma precisão geral de quase 95% e também foi preciso nas fases iniciais do cancro.

"Esta é a primeira vez que as modificações de ARN foram utilizadas como potencial biomarcador de cancro", indicou He, assinalando que "ser capaz de detectar o cancro em fases tão precoces é algo sem precedentes".

NewsItem [
pubDate=2025-07-08 21:20:32.0
, url=https://www.publico.pt/2025/07/08/ciencia/noticia/biopsia-liquida-detecta-cancro-colorrectal-fase-inicial-95-sucesso-2139451
, host=www.publico.pt
, wordCount=402
, contentCount=2
, socialActionCount=2
, slug=2025_07_08_598669782_biopsia-liquida-detecta-cancro-colorrectal-em-fase-inicial-com-95-de-sucesso
, topics=[saúde]
, sections=[sociedade, ciencia-tecnologia]
, score=0.000910]