observador.pt - 8 jul. 12:50
Presidente iraniano criticado após pedir regresso às negociações com os EUA
Presidente iraniano criticado após pedir regresso às negociações com os EUA
Presidente do Irão foi alvo de críticas depois de ter pedido o regresso às negociações com os EUA e ter realizado entrevista com apresentador norte-americano Tucker Carlson, amigo próximo de Trump.
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O Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, foi criticado esta terça-feira por jornais conservadores do seu país, depois de ter pedido o regresso às negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano.
Pezeshkian deu uma entrevista, transmitida na segunda-feira, ao apresentador norte-americano Tucker Carlson, amigo próximo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O diário conservador Javan lamentou esta terça-feira as declarações “um tanto brandas e demasiado gentis” do Presidente iraniano em relação aos Estados Unidos.
“O verdadeiro sentido de uma conversa com um pivot norte-americano é percebido após as palavras que mostram a raiva do público e a total desconfiança em relação à América”, afirmou o jornal Javan.
Nesta entrevista, o Presidente iraniano afirmou que o seu país “não tinha problemas” em retomar as negociações com os Estados Unidos, depois dos bombardeamentos realizados em junho por Israel, e posteriormente pelos Estados Unidos, contra instalações nucleares iranianas.
“Será correto voltar a sentar-se, sem condições, na mesma mesa com aqueles que já lançaram bombas” sobre a diplomacia?, questionou o jornal Kayhan, conhecido pela sua hostilidade ao Ocidente e que faz uma feroz oposição às negociações nucleares.
Os Estados Unidos, apesar de estarem em negociações com o Irão desde abril sobre o seu programa nuclear, bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio de Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz (centro do Irão) em 22 de junho. A extensão exata dos danos é desconhecida.
“Perante um inimigo cujas mãos estão manchadas até aos cotovelos com o sangue do nosso povo (…), não há outra solução senão nos mantermos firmes (…)”, afirmou o diário Kayhan, cujo editor é nomeado pelo líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, o decisor máximo da política externa.
De acordo com a televisão estatal iraniana, pelo menos 1.060 pessoas morreram no Irão durante os ataques que duraram 12 dias, lançados de surpresa em 13 de junho pelo exército israelita, aos quais se juntaram os Estados Unidos.
O jornal reformista Ham Mihan, por sua vez, elogiou a “abordagem positiva” de Massoud Pezeshkian.
“Esta entrevista já deveria ter sido realizada há muito tempo”, referiu o diário, afirmando que “as autoridades iranianas, infelizmente, estão ausentes dos meios de comunicação internacionais e norte-americanos há muito tempo”.
Os Estados Unidos abandonaram em 2018, sob a primeira Administração Trump, o acordo internacional firmado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano. O Irão, em represália, também deixou de cumprir as regras estabelecidas no pacto no que se refere ao enriquecimento do urânio.
Entretanto, segundo a agência Reuters, citada pelo Haaretz, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baghaei, negou ter sido feito um pedido de reunião com os EUA para retomar negociações nucleares.