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Transporte Rápido Lisboa-Oeiras: a verdade sobre o futuro

Transporte Rápido Lisboa-Oeiras: a verdade sobre o futuro

A realidade, às vezes, estraga uma boa história. É o caso da história que o Livre quer contar.

Três membros do partido Livre publicaram um artigo de opinião no PÚBLICO, intitulado Ligação Lisboa-Oeiras: regresso ao passado dos dois municípios em matéria de mobilidade. Opinião, infelizmente, pouco fundamentada. A propósito da apresentação — que foi pública — do novo Transporte Rápido Lisboa-Oeiras, que decorreu a 3 de julho, os candidatos e autarcas Carlos M.G.L. Teixeira, Tomás Cardoso Pereira e Francisco Costa resolveram construir uma narrativa paralela, ignorando os factos do projeto que está em curso. Não me cabe aventar as razões para o fazerem, mas é incontornável que se reponha a verdade dos factos.

Logo na entrada, os autores sustentam que a substituição do elétrico rápido por linhas de autocarro em via exclusiva é regressar ao passado. Mas, mais à frente no artigo, defendem que a solução de 1930, do elétrico em carril, é que era boa. Conhecemos, desde 2021, a posição dos membros do Livre sobre a mobilidade em Lisboa, onde exercem funções como vereador e assessor para a mobilidade: o transporte metropolitano deve servir a facilidade de acesso ao centro de Lisboa, suburbanizando todos os concelhos limítrofes, esquecendo as novas centralidades exercidas por outros concelhos, por exemplo, por Oeiras, hoje a segunda economia mais pujante da Área Metropolitana de Lisboa (AML).

Para que exista “um sistema público robusto” de transportes é essencial que a rede seja pensada de forma conjunta, metropolitana. Não nos podemos dar ao luxo, enquanto país, de, mais uma vez, como no passado, construir redes de transportes desarticuladas, que encontram barreiras nas fronteiras dos concelhos. O novo LIOS, em sistema BRT de autocarros elétricos, responde justamente às necessidades de dois concelhos que estão articulados no projeto. Os presidentes Isaltino Morais e Carlos Moedas podiam ter seguido uma lógica passadista, individualista, mas não o fizeram. Assumiram o LIOS como um projeto conjunto de Oeiras e de Lisboa, mandatando as respetivas empresas municipais — a Parques Tejo e a Carris — para desenvolverem os estudos necessários para que um projeto viável, tanto em custos como em tempo de implementação, fosse apresentado ao Governo.

Devo explicar aos autores do artigo citado que um BRT não é uma simples linha de autocarro, como parecem acreditar. É um sistema em faixa exclusiva, que assegura a velocidade comercial, com paragens próprias, desenhadas para agilizarem os fluxos de entrada e saída de passageiros. Um sistema que irá operar com veículos 100% elétricos, o que garante a sustentabilidade ambiental.

Esquecem-se também de referir importantes vantagens da opção BRT, desde logo a flexibilidade no aumento ou diminuição do material circulante, a melhor integração com o tecido urbano envolvente, ou a maior facilidade de articulação com outros eixos de transporte, desde logo com a ambição de se implementar um corredor BRT na A5, que permitiria deslocações mais rápidas em direção aos parques empresariais na zona ocidental de Oeiras (Quinta da Fonte, Lagoas Park e Taguspark), onde estamos a trabalhar na reativação do SATUO, também num modelo BRT.

A falsidade torna-se também clara quando afirmam que a intervenção a fazer será a mera pintura de vias segregadas, fingindo ignorar o anúncio da extensa renovação de áreas urbanas, de que a Avenida dos Bombeiros Voluntários de Algés é um exemplo paradigmático. Esta será transformada com as obras de duplicação da Ribeira de Algés, que eliminarão definitivamente os riscos de inundação da zona, ao mesmo tempo que abre caminho à implementação do espaço-canal do novo Transporte Rápido Lisboa-Oeiras, acompanhado de uma rede de ciclovias. Contrariamente ao que afirmam, o novo LIOS vai permitir e motivar a requalificação de toda a área envolvente.

A redução do investimento face ao projeto inicial, em elétrico de superfície, é também referida pelos autores do Livre como um aspeto negativo. Existe uma clara diminuição do investimento que se orça agora para o projeto de BRT em 93,5 milhões de euros. Mas os três autores mostram preferir a opção mais cara, utilizando o valor da devolução de IRS que os municípios de Lisboa e Oeiras fizeram aos seus munícipes para financiar o projeto elétrico. O custo mais reduzido deste Transporte Rápido Lisboa-Oeiras, a par do seu prazo de execução significativamente mais célere, são essenciais para que o projeto possa beneficiar de financiamento comunitário, no âmbito do programa Sustentável 2030, dispensando a retenção dos valores referidos aos contribuintes.

Não há nenhuma proposta do Livre que seja de mais rápida implantação, de custos mais reduzidos no seu todo ou menos onerosa para os contribuintes municipais do que aquela que foi agora publicamente apresentada para a ligação entre os dois concelhos com o Transporte Rápido Lisboa-Oeiras

Os autores do artigo referem a ausência de detalhes técnicos sobre a via exclusiva. Na apresentação eles foram dados, no artigo da jornalista Teresa Serafim, escrito para o PÚBLICO, eles estão lá plasmados e, pasme-se, estamos disponíveis para receber o Livre na Parques Tejo e dar as explicações necessárias sobre este e outros projetos de mobilidade para o concelho, como temos feito com outros partidos políticos sempre que para isso somos solicitados.

Não há nenhuma proposta do Livre que seja de mais rápida implantação, de custos mais reduzidos no seu todo ou menos onerosa para os contribuintes municipais do que aquela que foi agora publicamente apresentada para a ligação entre os dois concelhos com o Transporte Rápido Lisboa-Oeiras. Não há nenhuma proposta do Livre que seja mais sustentável do que esta. Em 2028, vamos servir 22 mil passageiros por dia, poupando a cada um o equivalente a oito horas por mês em viagens pendulares, retirando quatro mil veículos por dia das estradas — porque o transporte público se torna eficaz e competitivo — e evitando a emissão de 38,7 mil toneladas de CO2.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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