Observador - 8 ago. 00:10
Quando a notícia deixa de ser informação
Quando a notícia deixa de ser informação
O problema não é o de noticiar os factos — essa é a missão do jornalismo. O problema é a forma irresponsável e quase que patológica como se noticiam.
O exagero não é uma forma de informação; é uma forma de entretenimento que se alimenta da dor alheia. Ao fazer isto, a comunicação social está a trair a sua missão e também a desvalorizar a vida humana, transformando tragédias colectivas em meros espectáculos para o consumo r��pido das audiências. O preço a pagar por esta obsessão por audiências é a deterioração da confiança na imprensa.
A comunicação social, que tantas vezes se ergue como guardiã dos limites da política e dos seus extremos, afinal, onde traça os seus próprios limites? Será esta a missão que queremos enquanto sociedade para os media? E os decisores políticos, que papel têm na exigência de um jornalismo mais sério e responsável?
Finalmente, a recente notícia sobre uma decapitação seguida do transporte da cabeça, entrega da cabeça e tudo o mais que certas cabeças muito apreciam leva-me a questionar se conseguirá a imprensa resistir à obsessão de um público sedento de desgraça, relatando e evidenciando, e até enaltecendo, os mais diversos aspectos mórbidos do acontecimento ou será que vai sucumbir ao seu já habitual instinto animalesco?
Uma coisa é certa, notícias haverá em barda… porque seguindo a ideia de Pulitzer, um mundo sem notícias é apenas um mundo mais cego.