eco.sapo.ptCatarina Ricardo - 8 ago. 14:00

A hora da verdade

A hora da verdade

Uma política salarial justa não é apenas uma necessidade, mas uma estratégia crucial para o sucesso da organização.

Se a sua empresa fosse notificada hoje pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), conseguiria demonstrar, de forma clara e fundamentada, que pratica a equidade salarial?

Durante anos, falou-se de igualdade salarial como um objetivo a alcançar, um ideal a que todas as empresas deveriam aspirar. Mas essa fase já passou. Hoje, a equidade salarial não é apenas uma questão ética, é uma exigência legal e um fator crítico para a reputação e sustentabilidade das organizações.

A ACT tem vindo a intensificar a sua avaliação sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres em Portugal. As empresas que não conseguirem justificar diferenças salariais de forma objetiva podem ser notificadas, chamadas a prestar esclarecimentos e obrigadas a corrigir as desigualdades. Mas será que todas as empresas estão realmente preparadas para este novo paradigma?

Em teoria, a solução parece simples: pagar o mesmo salário a profissionais com funções equivalentes, independentemente do género. Na prática, no entanto, a realidade é bem mais complexa. Disparidades salariais podem surgir de forma silenciosa ao longo do tempo, resultado de políticas de promoção pouco transparentes, negociações salariais individuais ou até fatores inconscientes que influenciam decisões de remuneração.

Muitas empresas acreditam que cumprem os princípios da equidade salarial até serem confrontadas com os dados. Quando analisam a fundo as suas estruturas salariais, percebem que existem diferenças que não conseguem justificar de forma clara e objetiva. E é precisamente aqui que o risco começa.

Mais do que evitar notificações e sanções, garantir a equidade salarial é um investimento no futuro da empresa. Colaboradores que sentem que são tratados de forma justa estão mais motivados e comprometidos e são mais produtivos. E as empresas que lideram pelo exemplo na igualdade de género ganham credibilidade, atraem melhores talentos e fortalecem a sua marca empregadora.

Com um diagnóstico remuneratório detalhado, as empresas podem conquistar um diferencial competitivo, assegurando a conformidade e promovendo um ambiente mais transparente e equitativo.

Discrepâncias salariais sem justificação clara, não são apenas um problema: são uma oportunidade para corrigir falhas, alinhar-se com as melhores práticas e reforçar a cultura organizacional. Uma empresa que saiba transformar a sua estratégia salarial e tornar-se uma referência em equidade salarial, terá verdadeiras vantagens para o seu negócio.

A experiência demonstra que as empresas que enfrentam estas questões com profundidade e método não só antecipam riscos, como constroem uma base mais sólida para decisões futuras. Num tema tão sensível e estrutural como a equidade salarial, é a capacidade de olhar além do óbvio, de fazer as perguntas certas e de agir com consistência que faz verdadeiramente a diferença.

Porque, no fim, não se trata apenas de cumprir. Trata-se de liderar com clareza, responsabilidade e visão.

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